A manifestação em Brasília contra o governo de Michel Temer foi palco de um cenário de guerra nesta quarta-feira (24) com ininterruptas bombas de gás contra manifestantes e depredações de vidraças e prédios públicos. Três prédios da esplanada dos Ministérios ficaram em chamas.
O professor de história e militante da Nova Organização Socialista (NOS), Ivan Dias Martins, conversou com a Sputnik Brasil e fez um relato sobre as manifestações contra o governo de Michel Temer desta quarta-feira.
"O ato foi gigantesco, na estrada já dava pra ver muita gente vindo, em cada parada era uma confusão. O estacionamento do estádio Mané Garrincha estava lotado de ônibus. Talvez por volta de 200 mil pessoas aqui. E tudo foi relativamente tranquilo até chegar ao bloqueio bem próximo ao congresso nacional", disse.
Repressão com cavalaria, bombas e balas de borracha tenta impedir o povo de se manifestar em Bsb #DiretasPorDireitos
— MST Oficial (@MST_Oficial) 24 de maio de 2017
Fotos: Dani Orofino pic.twitter.com/HoQUXZERif
De acordo com o relato, havia sido acordado com as forças policiais que a manifestação ocuparia o gramado em frente ao Congresso Nacional, o que não teria sido respeitado pela Polícia Militar.
"O que se tinha de certa forma acordado com a polícia é que o ato ia ocupar o gramado, mas a policia não deixou, mobilizou muita tropa de choque, o exército já estava fazendo contenção em alguns ministérios, como o da Aeronáutica e da Defesa, e lá no gramado não estavam deixando ficar de jeito nenhum", observou.
"A polícia mobilizou inclusive a cavalaria, que fez mais de um ataque pra cima dos manifestantes. Foi muita violência, muitos feridos. Eu vi pelo menos três pessoas com ferimentos sérios no rosto [de bala de borracha], talvez uma pessoa no olho. Uma quantidade inacreditável de bombas de gás", destacou.
Ao comentar a decisão do governo de acionar as Forças Armadas para garantir a ordem em Brasília, Ivan Martins observou que "a reação de Temer aponta para uma reação de desespero, mas uma reação preocupante".
De acordo com ele, o objetivo do governo ao convocar o Exército é "basicamente blindar todo o espaço político central da capital do país pra votar reformas que não são apoiadas por quase ninguém".
"Um presidente que não é apoiado por nenhum setor da população do país, só por meia duzia de partidos e organizações empresariais. E, nesse clima, sob esta estrutura, sob nenhuma tentativa de respaldo da população, ele pretende votar o maior ataque dos direitos sociais desde o golpe de 64", analisou.
Apesar dos intensos confrontos e da violência, o ativista destacou que o ato desta quarta-feira "teve muita disposição de luta, muita gente e um formato histórico".