“O que eu disse neste momento presente é que há mais razões do que antes de termos o nosso destino em nossas mãos na Europa”, disse Merkel, logo após um encontro com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi.
Horas mais cedo, Trump publicou um tweet em que apontou um “grande déficit” comercial com a Alemanha, que também não estaria colocando dinheiro suficiente na OTAN. “Isso vai mudar”, completou o presidente dos Estados Unidos na mesma mensagem.
We have a MASSIVE trade deficit with Germany, plus they pay FAR LESS than they should on NATO & military. Very bad for U.S. This will change
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 30 de maio de 2017
As relações entre os dois países estão tão tensas que até mesmo o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel, acusou Trump de “enfraquecer o Ocidente” com sua política de “América em primeiro lugar”.
“Qualquer um que acelere as alterações climáticas, enfraquecendo a proteção ambiental, que vende mais armas em zonas de conflito e que não quer resolver politicamente os conflitos religiosos, coloca em risco a paz na Europa”, comentou Gabriel.
Merkel tentou colocar panos quentes no assunto.
“As discussões com os EUA são tão importantes como são com outros parceiros – as relações transatlânticas são de incrível importância”, destacou. Em seguida, elogiou Modi pelo compromisso com o Acordo de Paris – algo que Trump ainda não indicou que fará, muito pelo contrário.
Na Casa Branca, o porta-voz Sean Spicer disse nesta terça-feira que a Alemanha é um importante aliado dos EUA e que Trump tem grande respeito por Merkel. “Eles se dão muito bem. Ele tem muito respeito por ela. ... E ele não vê apenas a Alemanha, mas o resto da Europa como um importante aliado americano”.
Apoio italiano
A frustração com Trump ficou latente após o encontro do G7, na semana passada, na Itália. O presidente norte-americano não impressionou a ninguém e ainda se envolveu em gafes, como o empurrão que deu no premiê de Montenegro, ou o aperto de mão com o presidente francês Emmanuel Macron.
O primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni reforçou a mensagem dada por Merkel. Para ele, a Europa precisa construir e trilhar o seu próprio caminho, diminuindo a sua dependência dos EUA – o que significa quebrar uma linha de atuação na política internacional que durava desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
“Isso não tira nada da importância dos nossos laços transatlânticos e da nossa aliança com os Estados Unidos. Mas a importância que colocamos nesses laços não pode significar que abandonemos princípios fundamentais, como nosso compromisso de lutar contra as mudanças climáticas e em favor das sociedades abertas e do livre comércio”, comentou.