Divulgado pelo jornal Hoje em Dia, o áudio mostra uma conversa que começa ríspida, com Aécio cobrando Zezé, que havia dado uma entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais. Nela, o peemedebista celebrava o fato de não integrar a lista do procurador da República, Rodrigo Janot, nem no “mar de lama” que envolve a classe política brasileira.
“Acho que não preciso provar o quanto sou seu amigo na vida, né, cara. Então vou te falar como amigo, com a liberdade de amigo. Poucas vezes vi uma declaração tão escrota, Zezé, como essa que você deu na rádio Itatiaia”, diz Aécio.
A gravação autorizada pela Justiça integrou as investigações da Operação Patmos, e aconteceu apenas dois dias após o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, ter retirado o sigilo das delações da construtora Odebrecht.
“Como é que você acha que você chegou ao Senado? Sua campanha foi financiada do mesmo jeito que a minha, e corretamente”, prossegue Aécio. “Você jogou todo mundo na lama, você me julgou, nos igualou ao campo do PT, dos picaretas todos, como se você tivesse sido eleito, Zezé, por uma ação divina, ou financiado pela semente lá sua, ou pela quentinha do Alvimar. Pô, a nossa campanha foi a mesma, Zezé”.
Enquanto o tucano continua com a bronca para cima de Zezé, o peemedebista responde relembrando um episódio de novembro de 2013, quando um helicóptero carregado com 450 quilos de cocaína foi apreendido no Espírito Santo. Se descobriu depois que a aeronave pertencia à família Perrella, mas a empresa pela qual o helicóptero estava registrado foi inocentada. O dano político, porém, permaneceu.
“Na verdade eu sou muito agredido pelo negócio do helicóptero até hoje, sabe Aécio, eu não faço nada de errado, eu só trafico drogas”, comenta Zezé. Aécio não consegue conter o riso.
Antes de desligar, Aécio reafirma que o momento pede “solidariedade” e que é preciso “separar o joio do trigo”. “Estão misturando doação de campanha com essa roubalheira que fizeram no Brasil”, avalia o tucano.
Em comunicado à imprensa, a assessoria do senador do PMDB informou que o episódio do helicóptero foi mencionado em um contexto, fazendo referência “ao fato de que, mesmo após ter sido comprovada sua inocência, lamentavelmente, a imprensa ainda insiste em associar o seu nome ao caso”.
“Seu incômodo, explícito no áudio, é justamente pela forma criminosa e caluniosa que abordam este assunto e que ele luta, ainda, contra seus detratores”, completa a nota.