O lema do papel é "suavidade sem fronteiras", um jogo de palavras a respeito da polêmica linha de muitos quilômetros que divide os EUA e o México e que foi muitas vezes mencionada pelo então candidato à presidência americana. Esta não é a única piada em relação à política migratória de Trump. Na parte traseira da embalagem é retratada uma pirâmide de rolos. "É o único muro pelo qual estamos dispostos a pagar", diz-se na embalagem.
A etiqueta também diz que Trump [aqui se trata do papel] "apoia migrantes". Uma inscrição em letras pequeninas, na parte de baixo da embalagem, informa que a utilização ativa deste produto pode apoiar os "irmãos" da comunidade mexicana nos EUA.
"No início da sua campanha presidencial, Trump dizia que os mexicanos são estupradores e criminosos, sem falar dos outros insultos contra nós que ele usou para impressionar seu eleitorado. Isto provocou descontentamento e desprezo no México. Eu queria fazer algo que gerasse um retorno positivo e fosse benéfico para os migrantes, ou seja, as pessoas que foram insultadas por Trump através dos seus comentários pouco lisonjeiros", disse Battaglia em entrevista à Sputnik Mundo.
Deste modo, veio-lhe à cabeça uma ideia de registrar o produto que tivesse a palavra "Trump" no seu nome e entregar uma parte do lucro aos migrantes mexicanos. O objetivo do empresário foi conseguir que "algo que afeta a sociedade ao mesmo tempo lhe ajudasse".
"É uma resposta social e pacífica. Já que ninguém deve ficar calado. As pessoas não devem deixar de responder ao que os outros fazem com eles", comentou o empresário mexicano.
Mas por que papel higiênico? Battaglia explicou que inicialmente planejava patentear um objeto de calçado ou vestiário, já que na região onde ele reside (León, no estado de Guanajuato) a indústria nestas áreas é muito desenvolvida. Porém, o empresário descobriu que a marca com o nome do presidente americano já existe.
"Depois de ponderar outras opções, eu logo decidi patentear papel higiênico já que é um projeto engraçado que vai atrair as pessoas e ajudará a divulgar melhor a ideia. E eu não estou tentando zombar Trump, já que não é papel higiênico com a cara de Trump impressa nela mesmo [e tal já existe nos EUA]. Isto é aceitável apenas como piada singular", observou.
O empresário afirmou que, neste caso, trata-se de um produto a preço aceitável que possui um problema social importante de fundo.
"O consumidor deste papel diria: 'Vou comprá-lo porque ele é diferente das outras marcas e apoia uma causa boa", continuou.
Battaglia é advogado e dono de um café em León, mas seu papel higiênico é um projeto, sobretudo, social e não comercial. Ademais, é uma tentativa de apoiar os migrantes mexicanos, sendo que os lucros não são uma prioridade para o empresário.
"Eu sou advogado e toco um negócio familiar. O mecanismo que eu lancei não é apenas um negócio", esclareceu.