Criado pelas sócias Gabriela Correa, Raquel Correa e Bianca Saad, o aplicativo nasceu de uma experiência ruim. Em entrevista à Sputnik Brasil, Gabriela contou que enfrentou uma situação constrangedora ao usar um conhecido aplicativo de transporte em São Paulo.
“Não denunciei, mas o motorista foi me buscar em casa e me assediou. Depois disso só usei o aplicativo com motoristas mulheres. Comecei a procurar um aplicativo assim, exclusivo, e não encontrei, então pensei em criar um. Muitas mulheres, muitas amigas minhas, já passaram por isso”, disse.
A preocupação com assédio, segurança e violência não existe ao acaso no Brasil. Dados de uma pesquisa divulgada pela Organização Internacional de Combate à Pobreza da Action Aid apontaram que 86% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de assédio.
Para Gabriela, além da segurança, o aplicativo permite que algumas realidades sejam alteradas no Brasil. A profissão de motorista costuma ser associada em larga escala ao ambiente masculino, algo que o Lady Driver está ajudando a mudar, segundo a sua idealizadora.
“As mulheres estão adorando, tanto as passageiras quanto as motoristas. Em comum, todas elas têm alguma história de assédio para contar. E também as motoristas se sentem valorizadas. A gente foca muito nesse empoderamento. A mulher se sente poderosa no volante”, avaliou.
Questionada se teme que o aplicativo voltado ao transporte de mulheres enfrente dificuldades como as já vistas com outros do gênero – como o conflito com taxistas em várias cidades do Brasil –, Gabriela foi enfática em demonstrar otimismo.
“A gente acha que esse serviço é o do futuro. Estamos na verdade lidando com coisas que estão mudando. No futuro só vamos chamar táxi por aplicativo, e ele talvez nem tenha motorista. É uma tendência e não podemos brigar contra a tecnologia. Pensando nisso, não temos medo, creio que as pessoas gostam, é acessível. Então acreditamos não teremos dificuldades em crescer”.
Expansão
Quinto aplicativo de transporte individual a ser legalizado em São Paulo, o Lady Driver deve começar a operar no Rio de Janeiro até setembro, de acordo com Gabriela Correa. “Já estamos captando motoristas para colaborar conosco. As mulheres que quiserem trabalhar como motoristas podem se cadastrar no nosso site”.
Há alguns requisitos para as mulheres que quiserem integrar o time de mais de 2 mil motoristas já cadastradas no aplicativo. É preciso possuir carteira de motorista com a declaração EAR (exerce atividade remunerada), e o veículo precisa ter ano de fabricação acima de 2008, ter quatro portas e ar condicionado.
A idealizadora do aplicativo explicou também que a empresa fica com 16% do valor de cada corrida, para cobrir os custos da plataforma, porcentagem similar à cobrada por outros serviços do gênero, segundo ela.
A empresa ainda pesquisa os antecedentes criminais da candidata à motorista. Só depois de tudo isso checado é que a colaboradora passa a integrar o Lady Driver. A ideia das sócias é levar a iniciativa para o Nordeste e o Sul do país até o fim deste ano.
“Já temos propostas até da América Latina”, concluiu.