Enquanto umas pessoas o criticam por ser uma campanha de publicidade descarada da produtora de submarinos nacional Saab, outros argumentam que serve de alusão a um incidente envolvendo submarinos soviéticos.
Na semana passada, um monumento alusivo à torre de comando de um submarino foi inaugurado na cidade sueca de Karlskrona, onde ficam a única base naval da Suécia e a sede da Guarda Costeira da Suécia. A torre gigante, instalada num pedestal de granito negro e desenhado para recordar às pessoas o mar, pode ser visto por todos os motoristas chegando ou partindo da cidade.
No entanto, antes de ser inaugurado, o monumento, que havia sido criado para prestar homenagem à história dos submarinos da Suécia, gerou fortes debates.
O jornalista local Bertil Ahnlund criticou duramente o monumento, chamando-o de "inspirador da guerra" e argumentou sua opinião citando um artigo do jornal local Blekinge Läns Tidning, que diz que tais armas não são de todo o que o mundo precisa para uma vida pacífica.
Ele também destacou que a Saab foi realmente a maior produtora sueca de equipamento militar, sublinhando que a pacífica Suécia vendeu mais armas per capita do que os EUA ou a França e que algumas de suas exportações se destinavam a países em guerra. O autor louvou a Saab por ter colocado publicidade comercial no melhor lugar possível, sublinhando que ele próprio não partilha do orgulho que muitas pessoas sentem quanto ao assunto.
Em maio, no meio de debates sobre politização da arte urbana, o monumento, ainda por inaugurar, foi vandalizado por alguém que escreveu U-137 na torre, informou a Sveriges Radio. U-137 era a designação sueca do submarino soviético S-363, da classe Whiskey, que havia naufragado em 27 de outubro de 1981 perto de Karlskrona.
Oväntat att någon kluddat dit U-137 på ubåtstornet #not #Karlskrona 😵 pic.twitter.com/UO91y1zOR1
— Uffe Andersson ☀️ (@affetwin) 20 de maio de 2017
O incidente, que é conhecido como "Whiskey on the rocks" (literalmente "uísque nas rochas", mas que em geral significa uísque com gelo), provocou um caso de guerra diplomática de 11 dias entre a Suécia e a União Soviética.
A União Soviética tentou recuperar o submarino encalhado, que estava em um estado lamentável, mas as forças de resgate soviéticas foram paradas pelas forças navais da Suécia, que negaram acesso ao submarino. Finalmente, ele foi retirado das rochas por um rebocador sueco e transportado para as águas internacionais e depois entregue à Marinha soviética.
Naquele momento, o incidente era geralmente considerado como um sinal da penetração soviética na costa sueca, incentivando o medo histórico sueco da Rússia e causando a paranoia com submarinos que se mantém até hoje.