A previsão é 0,2 ponto percentual menor do que a feita pelo organismo na última avaliação, em janeiro. A projeção do Bird está abaixo da realizada pelo mercado financeiro no Brasil, que projeta aumento de 0,49%. Para a média do PIB nos países emergentes, a previsão do Bird é de um aumento 2,1% neste ano e de 2,5% em 2018, enquanto para o PIB global as estimativas são de alta de 2,7% este ano e de 2,9% em 2018.
Para o diretor de pesquisa da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Eduardo Velho, ainda que lentamente a economia brasileira vem dando sinais de retomada. Segundo ele, de 2016 até meados de maio, houve uma melhora dos fundamentos econômicos e financeiros, como a redução do prêmio de risco do país, há maior confiança na gestão das empresas estatais, o real se valorizou em relação ao ápice da crise no governo Dilma, quando chegou a mais de R$ 4 em fevereiro do ano passado, e a inflação teve uma queda consistente, houve boa safra agrícola, além da queda dos juros. O ponto, segundo ele, é saber se a recuperação econômica do primeiro trimestre, com alta de 1% do PIB, pondo fim a oito trimestres consecutivos com desempenho negativo, vai ser sustentável ou não.
"O dado do primeiro trimestre teve um incremento do agronegócio. Sem o setor agropecuário, você teria um crescimento um pouco abaixo de 0,5%, praticamente um PIB estagnado. A expectativa para o segundo trimestre é que o crescimento também fique próximo de zero. No primeiro semestre, o que temos que comemorar é que a recessão terminou. Será muito difícil termos agora dois trimestres consecutivos de queda, que é a definição técnica de recessão. Agora, o governo Temer não pode ficar tão eufórico com essa expansão", observa o economista, prevendo que, no segundo semestre, os indicadores antecedentes mostram que vários setores como indústria, comércio e serviço não irão captar tantos benefícios quanto no primeiro.
Para Velho, o problema principal hoje é a crise política. Na sua avaliação, se ela continuar sem uma definição de quem vai ter o mandato presidencial e a permanência da equipe econômica, isso pode comprometer a expectativa de algum crescimento no segundo semestre. Da mesma forma, ele considera muito prematuro prever a possibilidade de um terceiro ano de PIB negativo.
"Temos que torcer para que a crise política seja rapidamente solucionada para não comprometer o investimento e ter, pelo menos, um crescimento de 0,5% ou um pouco mais. O mercado financeiro antecipa um pouco os ciclos econômicos, e, apesar da delação da JBS contra o governo, a Bolsa caiu, mas está em um nível até razoável acima dos 60 mil pontos, o dólar está controlado e os juros futuros estão projetando queda. A economia vai voltar a crescer. Os investidores estão contando que em algum momento vai haver uma solução para a crise política e as reformas, mal ou bem, vão ser aprovadas até o final do ano", prevê Velho.