Crescimento da China e declínio dos EUA 'estão mais rápidos do que haviam previsto'

© AP Photo / FilesO presidente dos EUA, Donald Trump (à esquerda) e o líder chinês, Xi Jinping
O presidente dos EUA, Donald Trump (à esquerda) e o líder chinês, Xi Jinping - Sputnik Brasil
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A China está melhorando as relações com seus vizinhos na região Ásia-Pacífico, enquanto os EUA estão se retirando da Ásia, mas o papel de Pequim como principal potência na região será muito diferente da liderança de Washington, disse especialista britânico, Martin Jacques, à Sputnik Internacional.

No domingo, o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, ressaltou na conferência internacional de segurança, Shangri-La Dialogue, entre ministros e comandantes da Ásia-Pacífico, que os países da região não podem continuar contando com defesa de grandes potências.

"Temos que assumir a responsabilidade por nossa segurança e prosperidade, reconhecendo, ao mesmo tempo, que somos mais fortes quando partilhamos o fardo da liderança comum com parceiros confidentes e amigos", disse.

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Alguns aliados dos EUA expressaram preocupações, durante a conferência, quanto à diminuição do envolvimento da administração de Donald Trump nos assuntos da região, tornando-a mais aberta ao domínio da China.

O jornalista britânico, Martin Jacques, pesquisador e autor do bestseller internacional When China Rules the World: The End of the Western World and the Birth of a New Global Order (Quando a China domina o mundo: o fim do mundo ocidental e o nascimento da nova ordem global), disse à Sputnik Internacional que com a retirada de Trump da Parceria Transpacífico e a exigência que países como Japão e a Coreia do Sul deem mais atenção à sua própria defesa, surgiram mais preocupações.

"Até hoje, a diferença mais notável se trata da saída dos EUA da Parceria Transpacífico, que sem dúvidas foi uma criação da administração de Obama, sendo este o sinal mais claro por enquanto", disse Jacques.

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Os Estados Unidos nunca disfrutaram de uma forte presença no Sudeste Asiático, onde seu único aliado, as Filipinas, anunciou há pouco sua intenção de se aproximar da China e se distanciar de Washington.

As mudanças na situação geopolítica na Ásia, com a China aumentando sua influência e os EUA perdendo, é uma consequência das mudanças econômicas de longo prazo, explicou o especialista.

"Este é um processo mais longo do que [o mandato] de Trump, sendo muitas vezes mal interpretado no Ocidente. O que estamos vendo há muito tempo, com a expansão da China, é que ficam cada vez mais estreitas as relações econômicas entre a China e quase todos os países na Ásia Oriental, e cada vez mais fracas entre os últimos e os EUA", acrescentou.

"Desde as ações do [presidente Rodrigo] Duterte nas Filipinas, percebemos um desvio na região rumo à China. Acho que a política norte-americana no Sudeste Asiático, lançada por Obama, fracassou e que a parceria entre a China e os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático [ASEAN, sigla em inglês], está crescendo", opinou o jornalista.

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Nas Filipinas, o presidente Rodrigo Duterte anunciou a "a separação" dos EUA e expressou seu desejo de estabelecer cooperação com China e Rússia. Singapura e Tailândia, que não possuem aliança militar com os EUA, mas historicamente se inclinavam mais a Washington, também estão construindo laços econômicos com a China.

"A Tailândia era uma espécie de aliado formal [dos EUA], mas agora tem relações mais próximas com a China do que tinha com Washington, então estes países estão gravitando, principalmente por razões econômicas, mas não só, rumo à China", sublinhou.

É muito provável que estas relações sejam diferentes das relações entre EUA e seus aliados na Ásia. Enquanto Washington busca aliados na área militar, a China está mais focada nos laços econômicos, disse Jacques.

O Sudeste Asiático é uma região muito importante para a China, que vem constantemente melhorando suas relações com os países da região.

No entanto, as relações com o Japão, com a Coreia do Sul e com Taiwan no Nordeste da Ásia são "muito mais problemáticas", mesmo a China desejando criar os melhores laços possíveis.

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"Taiwan continua sendo parte da China, o Japão é muito hostil à China, sendo um Estado vassalo dos EUA, então não tem sua própria política externa ou de defesa, enquanto a Coreia continua dividida como era na época da Guerra Fria. Por essas razões, esta região é um grande problema para a China, como se pode ver claramente pelo exemplo da península Coreana e do que irá acontecer com suas partes."

"A longo prazo, acho que a China se tornará uma potência global. Seu crescimento econômico permanece extraordinário, sendo mais rápido do que se pensava, com o declínio dos EUA acontecendo mais rápido do que muitos haviam previsto", concluiu.

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