Em meio ao clima de insegurança, provocada pelos dois atentados em Londres e outro em Manchester, a primeira-ministra Theresa May viu perder, nas últimas semanas, a ampla vantagem que seu Partido Conservador mantinha sobre Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista. Apesar do recuo, as últimas pesquisas de opinião apontam que May tem vantagem entre um e 12 pontos percentuais sobre Corbyn, o que lhe permitiria conseguir maioria no Parlamento ou 12 cadeiras a mais.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Alcides Vaz diz que o que está em questão neste momento é a saída do país da UE (o Brexit) e atrelado a isso a questão da segurança, desde o aumento do fluxo migratório e agora com a série de atentados terroristas que vem assolando a Europa e o próprio país.
"As questões econômicas e comerciais estão num plano secundário. Do ponto de vista dos parceiros comerciais do Reino Unido, há uma oportunidade porque, forçosamente, haverá um redesenho da estratégia comercial do país em face do seu gradual desatrelamento da UE. Isso coloca a possibilidade de países como o Brasil de buscarem uma nova moldura para o tratamento das relações no contexto bilateral. Muitas das perspectivas comerciais do Brasil com aquele país estavam se dando sob a égide das negociações do acordo com Mercosul e UE, e isso abre a possibilidade de um novo enquadramento", explica o professor da UnB.
Dentro da perspectiva de uma reaproximação comercial entre Brasil e Reino Unido, Vaz aponta infraestrutura e financiamento dos chamados projetos verdes como os setores com melhores oportunidades para novos negócios entre os dois países, notadamente da parte dos britânicos. Segundo ele, não há expectativa de um fluxo negativo de investimentos com o Brexit.
"As expectativas se manterão como tem têm estado nestes últimos anos, quando os investimentos têm apontado para a área de infraestrutura, financiamento da agricultura sustentável e em projetos ambientais em menor escala", afirma Vaz.