Junho deste ano foi marcado pelo seguinte escândalo: as forças especiais dos EUA utilizavam a companhia Transoceanic Development, que trabalha com organizações humanitárias, para esconder a sua atividade no Iêmen.
Sob cobertura humanitária
Em março de 2015, na capital iemenita Sanaa, os militantes houthis detiveram o cidadão americano Scott Darden. Depois de seis meses, ele foi liberado após interferência pessoal do sultão de Omã.
Mas, de acordo com The New York Times, Darden também era responsável pela logística das forças especiais americanas, nomeadamente, do destacamento Task Force 48-4.2 no Iêmen. Na altura de seu rapto, neste país do Oriente Médio trabalhavam cerca de 125 assessores militares das forças de operações especiais dos EUA.
O que precedeu a logística privada
Os EUA têm efetuado operações contra a Al-Qaeda (grupo terrorista proibido na Rússia e muitos outros países) no Iêmen no mínimo desde 2009. Eles treinaram unidades locais, forneceram equipamentos e atacaram a partir do ar, principalmente através de drones, porém às vezes também utilizaram mísseis de cruzeiro, como em outubro de 2016.
Depois do início da operação em grande escala da Arábia Saudita no Iêmen, os navios da Marinha americana foram várias vezes alvo de disparos dos houthis. Depois disso, se verificou que informação falsa pode provocar escândalos internacionais.
Envolvimento de companhias privadas
Em 2007, o equipamento e material militar dos EUA para o Iêmen foi encomendado pela companhia privada Panalpina, em 2008 – pela DHL Global Forwarding.
O envolvimento de companhias logísticas privadas é compreensível do ponto de vista militar. Não é preciso desdobrar para operações de pequena escala toda uma infraestrutura militar, que é grande, lenta e visível, não é preciso destacar aviões e pessoal, se pode evitar a atenção da mídia e da opinião pública.
De qualquer forma, a mistura de cargas humanitárias e militares, ou civis com objetivos militares, provoca muitos problemas — em primeiro lugar para as organizações humanitárias.
Por um lado, prejudica a reputação delas e as relações com as autoridades regionais, por outro – os funcionários das organizações humanitárias e empresas de logística se sentem ameaçados, porque para muitos agrupamentos eles não são voluntários, mas participantes das ações de combate.