Em palestra ao Senado Federal na segunda-feira, 12 de junho, o Secretário Nacional de Justiça, Astério Pereira dos Santos, fez duras críticas à forma como as autoridades lidam com a questão da Segurança Pública e, em especial, ao projeto das UPPs.
Para Astério Pereira dos Santos, que também foi Secretário Estadual de Administração Penitenciária, o projeto das UPPs falhou por várias razões, entre elas, a sua excessiva politização, a demora e a hesitação das autoridades em adotar soluções para o combate à violência, e a massificação dos jovens policiais militares que, recém-formados, eram destacados para servir nas Unidades de Polícia Pacificadora.
“Eu concordo em parte com algumas opiniões do Secretário Astério Pereira dos Santos. Mas não posso concordar com tudo até porque estive à frente, durante um bom período, das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Concordo que as autoridades, por questões políticas, demoram e hesitam em tomar decisões mas asseguro que nem tudo no projeto das UPPs foi ruim", disse Robson Rodrigues.
"Nós estamos em meio a uma forte crise mas eu não posso invalidar a atuação dos policiais militares que agiram e agem corretamente nestas Unidades. Pelo que disse o Secretário, todo projeto é falho e então, devemos jogar tudo fora. Só que não é bem assim”, afirmou.
Para Robson Rodrigues, o projeto das UPPs deve ser exaltado e não criticado da forma como o foi pelo Secretário Nacional de Justiça Astério Pereira dos Santos.
“O projeto das UPPs alcançou reduções históricas dos índices de criminalidade do Rio de Janeiro. Estas Unidades de Polícia Pacificadora também representaram uma mudança nos padrões de atuação da Polícia Militar. Os próprios números da letalidade policial caíram em virtude dessa mudança de atuação", disse.
"Mas acredito que, por falta de uma maior interlocução com as autoridades estaduais e com os policiais que se envolveram nesse projeto das UPPs, o Secretário Astério cometeu alguns equívocos de avaliação. O projeto tem falhas [como todo projeto] mas nada que, com boa vontade e bom senso, não possa ser corrigido. Do contrário, seria jogar fora todo um trabalho e todo um esforço da Polícia Militar que entrou com tudo no projeto das UPPs, desde os recursos humanos até os recursos materiais”, acrescentou.
Na opinião de Robson Rodrigues, o policial militar não pode ser posto na condição de "matar ou morrer", mas sim contribuir para uma mudança de comportamento da sociedade.
"O Secretário disse que a violência leva o policial a um impasse: matar ou morrer. Mas não é bem assim. Antes, tínhamos Inteligência da Polícia agindo nas comunidades e os confrontos eram bem menores. Hoje, temos mais conflagrações entre policiais e criminosos, e nem por isso os números diminuíram. A questão não é só matar e morrer mas sim, de reeducação de toda sociedade”, concluiu.