Na opinião de Ken Gause, especialista em assuntos norte-coreanos e que é ainda diretor do grupo de relações internacionais CNA Corp. em Washington, o fato de que tais libertações de prisioneiros ser algo raro por parte de Pyongyang poderia levar a conversações, mas isso dependeria do estado de saúde de Otto Warmbier, que está em coma.
Os norte-coreanos condenaram Warmbier, de 22 anos, a 15 anos de prisão após o estudante ter tentado, no ano passado, roubar um objeto de propaganda do país asiático. Contudo, a liberdade do estudante veio com o agravante dele estar em coma há mais de um ano. O pai do jovem disse que ele foi “brutalizado” na prisão.
“Obviamente, a questão médica fez com que a Coreia do Norte decidisse libertá-lo. Mas acho que Pyongyang escolheu o momento para divulgar uma mensagem a Washington, e a mensagem é que a única forma de seguir adiante é através do diálogo”, comentou Gause, que não vê coincidência da libertação acontecer exatamente no momento da visita de Rodman.
“Não foi coincidência. A Coreia do Norte quer encorajar o governo de Donald Trump a se afastar da política de pressão máxima, que tem trazido poucos resultados, para uma abordagem mais diplomática”, emendou o especialista.
O estado de saúde do jovem, porém, pode causar revolta e sepultar qualquer chance de negociações diplomáticas – majoritariamente em torno do programa nuclear norte-coreano, que preocupa consideravelmente a Casa Branca. Há ainda três americanos presos na Coreia do Norte.
Coreia do Sul quer dialogar
O presidente sul-coreano Moon Jae-in voltou a afirmar que os dois países devem buscar a reconciliação e a paz. O indicativo aconteceu no dia em que se celebra o 17o aniversário da primeira reunião de cúpula, realizada em 2000, pelas duas nações da Península Coreana.
Pyongyang já criticou o sul-coreano pela sua política “pouco clara” de pressão e reconciliação, pedindo que a Coreia do Sul diminua as pressões na região desmilitarizada na fronteira entre os dois países, permitindo a retomada até mesmo de projetos conjuntos.
Já Moon aceita negociar, desde que os norte-coreanos ponham um freio no seu programa nuclear e nos testes balísticos que vêm realizando nas últimas semanas – já foram cinco apenas no curto período da nova presidência sul-coreana.
“Eu peço para a Coreia do Norte agir. Estou disposto a colocar nossos joelhos e cabeças juntas e discutir como podemos implementar os acordos já existentes entre o Sul e o Norte”, disse Moon.