O trabalho foi produzido por uma equipe liderada por Edgardo Latrubesse, professor e pesquisador da Universidade do Texas, e contra com cientistas de Brasil, Alemanha, Singapura, Reino Unido e Estados Unidos.
O grupo baseou a sua análise no que chamou de Índice de Vulnerabilidade Ambiental da Barragem (DEVI, na sigla em inglês). De acordo com o estudo, mais de uma centena de barragens já foram erguidas ao longo da bacia, e há projetos para inúmeras outras em andamento.
“Os efeitos ambientais negativos acumulados das barragens existentes e das barragens propostas, se construídas, desencadearão distúrbios hidrofísicos e bióticos maciços que afetarão a planície de inundação da Amazônia, o estuário e a pluma de sedimentos”, dizem os cientistas no estudo.
A necessidade energética da América do Sul, através de 428 represas apenas na região da bacia do Amazonas, pode colocar em risco a própria Amazônia e toda a sua riqueza ambiental, alterando o fluxo de nutrientes que os rios da bacia carregam, além de alterar a biologia e o clima local.
Os cientistas pontuam que os principais fatores de degradação associados às barragens envolvem o desflorestamento, as alterações dos cursos de rios, a perda massiva de biodiversidade e a erosão do solo.
Além disso, o estudo alerta que o impacto pode atingir todo o hemisfério se nada for feito. Esta é a constatação mais alarmante a aparecer na conclusão a que chegou a equipe de trabalho de Edgardo Latrubesse.
“A dimensão dos impactos pode ser não apenas regional, mas também ao nível do hemisfério Se todas as barragens planejadas são construídos na bacia, o seu efeito cumulativo fará com que mudanças nos sedimentos que flui no oceano Atlântico, o que poderia prejudicar o clima regional”, diz.
Com valores mais elevados DEVI – que quantificam a vulnerabilidade de uma área em uma escala de 0 a 100 – são no rio Madeira (80 pontos), e nos rios Maranhão e Ucayali, (72 e 61 pontos, respectivamente), com 104 e 47 barragens planeadas ou construídos.
“A escala da degradação ambiental previsível indica a necessidade de ação coletiva entre nações e estados para evitar impactos cumulativos e de longo alcance. Sugerimos inovações institucionais para avaliar e evitar o empobrecimento provável dos rios amazônicos”, conclui o estudo.