Na avaliação de Gualberto Tinoco, membro da executiva regional da CSP-Conlutas no Rio, a greve geral é a única alternativa que os trabalhadores têm nesse momento, já que as demais saídas que foram colocadas junto ao Legislativo não têm funcionado.
"O governo não se entende, é uma brigalhada na Casa Grande, as pessoas estão sofrendo com o desemprego, a fome, a miséria e a violência. A única forma de resolver isso é impedir esse entreguismo que acontece com o dinheiro público, o dinheiro dos nossos impostos que vai para as mãos dos banqueiros e empresários", afirma o sindicalista.
Vários manifestações ocorreram no país. No Rio, o representante da CSP-Conlutas admite que houve dificuldades de articulação, que não impediram, contudo, a realização de diversas ações. A CUT e demais centrais fizeram panfletagem na Central do Brasil, enquanto a CSP-Conlutas panfletou no Largo da Carioca.
"Algumas centrais ainda acreditam que é possível negociar a reforma trabalhista e a da Previdência com o governo, mas a Conlutas está convicta que é impossível negociar com um Congresso que foi eleito pela Odebrecht, pela JBS, que é completamente corrupto e com um presidente que governa par os ricos, para os patrões e não para os interesses da maioria do povo brasileiro", diz Tinoco.
O representante da CSP-Conlutas observa que a maioria da população tem uma relação informal com a economia, uma vez que o maior contingente sequer tem carteira assinada. Outro fato que ele observa é que o número de sindicalizados é muito baixo em relação à população economicamente ativa, por isso considera que a influência sindical hoje é muito pequena.
"Para se mobilizar 40, 44 milhões de pessoas a aderirem a uma greve geral é preciso muito mais do que um esforço dos sindicatos e das centrais. O movimento popular e o estudantil também entraram aí com força, e é possível que as atividades no país inteiro nos surpreendam. Estamos surpresos, porque sabemos que o movimento sindical no Brasil tem características específicas, apesar de ter muito dinheiro com o imposto sindical, ele é muito frágil porque não tem trabalho de base, não tem influência nos locais de trabalho, como é na Europa, e em outros países."
O membro da CSP-Conlutas diz que, apesar das dificuldades, os sindicatos têm conseguido mobilizar grande parte da população. "Não tem uma família hoje que não tenha um desempregado em casa, e o arrocho salarial é tão brutal e as famílias estão tão endividadas que nem conseguem se alimentar direito. A panfletagem chamando à greve geral no dia 30 tem repercutido muito, inclusive naqueles setores que não são sindicalizados", finaliza Tinoco.
Uma das preocupações não só da CSP-Conlutas, como também da CUT e de outras centrais sindicais, é quanto à intensidade da repressão às manifestações, em especial em Brasília, onde há o temor de o presidente Michel Temer voltar a convocar as tropas do Exército para proteção dos prédios da Esplanada dos Ministérios, como aconteceu, por 24 horas, na última paralisação em maio.