Ela hoje vive na Alemanha, onde foi possível começar a retomar a sua vida – a começar por uma série de cirurgias nos olhos e no rosto, que foi gravemente ferido quando ela fugia do seu cativeiro e acabou atingida pela explosão de uma mina.
“Me operaram os dois olhos, e um deles não foi possível salvar. Todo mês tenho que ir ao hospital e me submeter a operações porque o meu rosto todo não estava bem”, contou Lamiya, em entrevista ao jornal espanhol ABC de Madri, cidade onde esteve para participar de um encontro organizado pela Casa Árabe e o governo regional do Curdistão no Iraque.
A jovem foi sequestrada pelo Daesh durante o ataque dos jihadistas a sua comunidade no monte Sinjar, no norte do Iraque. Lá foram assassinados e capturados cerca de 9.900 yazidis.
“Mataram quase todos os homens e mulheres do meu povo, entre os quais 80 anciãs porque não serviam para nada. Qaundo são jovens elas podem ser vendidas, podem ser usadas como escravas sexuais…”, relembrou Lamiya, que acabou tendo o seu destino assim traçado pelos terroristas.
Ela ficou cerca de 20 meses nas mãos dos terroristas do Daesh, tendo sido vendida como escrava sexual em quatro ocasiões, tendo nesse período enfrentado uma série de atrocidades, algo que a fez ponderar sobre o suicídio.
“O Daesh capturou toda a minha família: meus irmãos, meus pais, meus tios… Também tenho uma irmã, com quatro filhos pequenos, que não sei onde está. Talvez no Iraque ou na Síria”, comentou.
Por sua história, Lamiya foi agraciada com o Prêmio Sakharov em 2016, dividindo o prêmio com outra jovem yazidi, Nadia Murad. Ambas e outras vítimas do Daesh querem levar os terroristas para serem julgados pelo Tribunal Penal de Haia, para que sejam condenados por suas atrocidades.
“Estão matando homens, mulheres e crianças. Não estão deixando nada com vida. Fui a vários países falar da nossa situação, como a Nadia, mas até agora nada aconteceu”, lamentou.