De acordo com Diedro Barros, ativista e funcionário do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro (SINTUPERJ), uma luta bastante árdua está sendo travada desde o início do processo de derrubada da presidenta Dilma Rousseff, uma luta que, ao mesmo tempo que causa muito cansaço, também traz mais energia para milhões de pessoas seguirem acreditando na necessidade de ir às ruas protestar por aquilo que acham justo.
"A gente vê que a população está insatisfeita com o governo do presidente Michel Temer, um governo que é ilegítimo, governo que não foi eleito. Não foi essa a plataforma eleita em 2014. O povo, se não está totalmente mobilizado, está buscando uma mobilização para ir de encontro a todos esses ataques que a agenda do governo Temer está tentando trazer, que é retirar direitos, possibilidade de aposentadoria digna, possibilidade de uma relação de trabalho digna".
Nos atos realizados nos últimos meses, segundo o sindicatário, é possível observar uma grande diversidade de pautas, mas com alguns aspectos em comum. Ele acredita que quem está na rua neste momento são pessoas que defendem pautas mais avançadas, que defendem uma sociedade mais plural, que lutam por melhor distribuição de renda e "por equilíbrio no modo de produção capitalista no qual o Brasil está inserido".
Para Diedro, boa parte da insatisfação geral pode ser creditada às medidas de austeridade que estão sendo levadas a cabo pelo Palácio do Planalto, com apoio do Congresso, como as reformas trabalhista e da Previdência por exemplo.
"O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. As pessoas que estão nas ruas estão reivindicando a manutenção dos seus direitos: salário digno, mínima segurança para que o trabalhador não tenha aquele medo de ser demitido a qualquer momento etc. Lutando pela possibilidade de, se ele for demitido [o trabalhador], ter direito de correr atrás de uma forma de se sustentar mesmo que não tenha emprego pelos próximos dois, três ou cinco meses, até conseguir uma nova colocação no mercado de trabalho", afirmou.
Reconhecendo que a população está, aos poucos, buscando defender com vontade os seus direitos, o ativista também destaca que, por outro lado, existe um contra-ataque bastante forte por parte de grupos que querem a retirada desses direitos, "grupos principalmente financiados pelo alto empresariado e abastecidos de informação por uma mídia corporativa que está também defendendo todas essas reformas do governo Temer".
Sobre os problemas causados no cotidiano da sociedade pelos atos realizados nos grandes centros urbanos, Diedro Barros defende a legitimidade das manifestações dizendo que não é possível se fazer uma reforma numa casa sem arcar com todos os custos ligados a ela.
Greve Geral não é greve, e nem geral. São piquetes atrapalhando o trânsito.
— Cesar Maia (@cesarmaia) 30 de junho de 2017
"Você acaba, invariavelmente, quebrando [a casa] para poder reconstruir. E é isso que a população está buscando, quebrar essa lógica que está no poder, muito nociva, e reconstruir um governo verdadeiramente democrático, voltado para as necessidades, para os direitos básicos fundamentais."