França poderia ter fornecido toneladas de armas aos ruandeses que organizaram genocídio

© AP Photo / Rebecca BlackwellCruz sobre a roupa de tutsis mortos em uma igreja em Ruanda
Cruz sobre a roupa de tutsis mortos em uma igreja em Ruanda - Sputnik Brasil
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Organizações de direitos humanos apresentaram ação judicial contra a França e o banco francês BNP Paribas pelo fornecimento de armas aos ruandeses que organizaram genocídio no país em 1994. O ativista Alain Gauthier comentou a situação para a Sputnik França.

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Anteriormente, o jornalista Patrick de Saint-Exupéry publicou um artigo, afirmando que a França fornecia armas a representantes do grupo étnico hutus, em Ruanda, que organizaram massacre contra outro grupo étnico do país, os tutsis. A organização Survie (Sobrevivência) apresentou mais uma queixa, pois a anterior, de 2015, não foi atendida e o processo penal nunca foi iniciado. A nova demanda tem por objetivo "esclarecer as relações das então autoridades de Ruanda com políticos e militares franceses".

O banco BNP Paribas, por sua vez, é acusado de "financiar a compra de 80 toneladas de armas, utilizadas para cometer o genocídio".

O presidente da organização "Coletivo das partes civis de Ruanda", Alain Gauthier, disse à Sputnik França que a ação judicial esclarecerá "por que o banco BNP Paribas financiou em junho de 1994 a aquisição de armas para a Ruanda pala eliminação massiva da etnia tutsis, apesar do embargo introduzido um mês antes disso".

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O ativista não se surpreende com a possível participação da França neste assunto.

"Trata-se da indignidade, da qual temos falado faz tempo, cometida pelo governo francês juntamente com o presidente [ruandês Juvénal] Habyarimana, responsável pelo genocídio […] Este é o defeito do Françafrique [relacionamento da França com suas antigas colônias africanas], que acontecia não apenas em Ruanda. A França podia se comportar de modo feíssimo […] Alguns interesses de Estado nem sempre eram conhecidos. Mesmo assim, o número de vítimas do genocídio em Ruanda atingiu mais de um milhão de pessoas."

Alain Gauthier espera que os documentos, ligados aos acontecimentos em Ruanda, sejam desclassificados em breve.

"Espero que o presidente Macron considere nossos pedidos com mais atenção. Eu mesmo escrevi para o presidente, logo que foi eleito… Mas ainda não recebi resposta alguma", conclui.

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