No entanto, muitos analistas respeitados de todo o mundo acham que ainda é cedo para celebrar um sucesso.
Igor Yushkov, analista principal do Fundo Nacional de Segurança de Energia, disse à Sputnik China que se pode comparar o alcance da China com as novas tecnologias desenvolvidas nos EUA que fizeram com que a extração de gás de xisto se tornasse viável.
"A China anuncia triunfante o início da extração de gás do 'gelo de fogo', silenciando ao mesmo tempo o fato do processo ser bastante caro. Isso causa mais perguntas, porque o custo das matérias-primas extraídas é o que mais importa. É o preço e nada mais, o que vai definir o sucesso comercial da tecnologia chinesa e do processo de extração do 'gelo de fogo' em geral", disse o especialista, acrescentando que o Japão começou extraindo gás natural do hidrato de metano ainda em 2013, mas decidiu suspender o projeto devido ao elevado custo da nova tecnologia.
De acordo com o analista, a China sabe disso, mas há duas razões porque Pequim optou por simular uma implementação bem-sucedida do novo projeto.
"Parece que quanto mais se aproxima o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, que prevê mudanças parciais na liderança do país, mais notícias boas aparecem na mídia chinesa […] As autoridades chinesas procuram persuadir os cidadãos que tudo está ótimo no país, ou seja, os líderes do Estado estão fazendo bem seu trabalho", disse.
"Estas notícias têm por objetivo velado influenciar os preços dos fornecedores de gás natural estrangeiros, inclusive da Gazprom russa, que no momento está negociando novas remessas com a China. O aspecto de preço é muito importante para a China, porque o volume de gás natural importado pelo país é maior a cada ano. Assim, o discurso impressionante e a falta da informação mais importante nas notícias sobre extração de gás do hidrato de metano fazem acreditar que a suposta revolução na aérea de energia seja sobretudo um projeto mediático das agências estatais chinesas", concluiu Igor Yushkov.
O hidrato de metano são cristais sólidos parecidos com gelo, formados de água misturada com metano com pressão e condições específicas, em geral por baixo de centenas de metros de água. De acordo com a Administração de Informação Energética dos EUA, as reservas mundiais de hidrato são de 280 trilhões a 2.800 trilhões de metros cúbicos, isto é, mais energia do que contêm o carvão, óleo e gás natural em conjunto. Com os atuais ritmos de consumo de gás, as reservas de hidrato de metano poderiam satisfazer a demanda de gás durante 80-800 anos.