A tensão entre os dois países é apenas o mais recente capítulo da crise migratória que o Velho Continente vive há mais de dois anos. Só em 2017, a Itália já recebeu mais de 85 mil imigrantes, o que fez o país pedir apoio aos demais membros da União Europeia (UE).
Os austríacos absorveram mais de 1% da sua população com concessões de asilo em 2015, o que gerou um aumento do apoio ao Partido da Liberdade, de direita. O reforço da segurança no Passo do Brennero, principal ponto de acesso na fronteira com a Itália, está nos planos de Viena – as eleições legislativas, em outubro, são um elemento a mais na pressão sobre o tema.
Em entrevista ao jornal Kronen Zeitung, o ministro da Defesa da Áustria Hans Peter Doskozil disse que “muito em breve” medidas restritivas serão impostos na fronteira com a Itália. Para isso, quatro veículos militares já estão na região, e 750 soldados ficarão mobilizados para eventualidades.
“A situação deve nos colocar todos em ação. Se a UE não conseguir encontrar soluções conjuntas, serão necessárias medidas nacionais”, disse Doskozil à rádio ORF.
O governo italiano reagiu e convocou o embaixador austríaco em Roma, René Pollitzer, para prestar esclarecimentos, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores da Itália. No passado, Roma declarou que qualquer controle no Passo do Brennero seria uma “violação das leis da União Europeia”.
A região já foi um alvo de disputa antiga entre os dois países. O Tyrol do Sul já foi parte do Império Austro-Húngaro, mas foi anexado à Itália após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918.
Em meio a tais tensões entre os dois países-membros, a UE anunciou nesta terça-feira um plano de ajuda à Itália, com o envio de 35 milhões de euros para os italianos, além do compromisso de um trabalho conjunto com países africanos como a Líbia, e do Oriente Médio, a fim de colocar um freio nos fluxos migratórios saídos destas localidades.