Já os 24 deputados que votaram contra Temer na quinta-feira receberam metade do valor no mês de junho (R$ 66 milhões), de acordo com a ONG.
Coincidentemente, o deputado que mais teve recursos comprometidos para suas iniciativas por meio de emendas em junho foi Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), relator do parecer contrário à aceitação da denúncia de Temer, o segundo votado pela CCJ. O parlamentar é aliado do governo e teve R$ 5,1 milhões empenhados no mês passado.
“Trata-se de uma ficção, pois a denúncia não é capaz de responder questões fundamentais. O presidente recebeu R$ 500 mil, onde, como, no Brasil ou no exterior? Nenhuma resposta há sobre qualquer uma dessas indagações”, afirmou Ackel, ao argumentar em favor do seu relatório, o segundo da CCJ, após o anterior, produzido pelo deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), ter sido barrado.
O Planalto fez nada menos do que 26 trocas de parlamentares na CCJ, a fim de garantir os votos suficientes para vencer a disputa. Um dos inclusos de última hora foi o deputado Beto Mansur (PRB-SP), aliado de Temer e que recebeu um total de emendas da ordem de R$ 5 milhões.
O valor é o mesmo recebido em emendas pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado do ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e um dos mais ferrenhos defensores do governo peemedebista. Ele também entrou de última hora na comissão, por decisão da liderança do PMDB na Câmara.
“Ao todo, R$ 2 bilhões foram empenhados só no mês passado para parlamentares de 27 partidos e bancadas estaduais. Os peemedebistas contaram com R$ 284,2 milhões empenhados para emendas de seus parlamentares. Já as bancadas do Maranhão, Rio Grande do Norte e Roraima tiveram empenhados R$ 220,4 milhões empenhados em junho e contabilizaram seis votos a favor de Temer na comissão”, diz a ONG.
Em agosto, o parecer será lido e votado pelo plenário da Câmara. Para que a denúncia – feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – seja aceita, é preciso que dois terços (342) deputados votem pela aceitação. Se o número não for atingido, o Supremo Tribunal Federal (STF) não poderá analisá-la.