Romer Gutierrez Quezada, de 38 anos, foi um dos quatro detidos pela equipe do delegado José Eduardo Jorge. Também foram detidos Leonardo de Faria, Everton Gambarró Ploia, e Olbis Rueda Garcia. O grupo transportava 99 quilos e 245 gramas de cocaína pura em um carro, com porções da droga distribuídas em 100 tijolos.
Foi só após o caso ser levado ao conhecimento do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e, com o cruzamento de informações junto à Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês) que foi possível identificar a filiação de Quezada.
Natural da cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, Quezada é ex-assessor do Movimento para o Socialismo (MAS), partido do presidente boliviano Evo Morales. Em 2009, ele teria atuado na campanha do mandatário do país, de acordo com a sua ex-mulher.
Recentemente, o irmão da deputada suplente do MAS, Amparo Gutiérrez Quezada, também perdeu o cargo que ocupava como assessor de uma vereadora de Santa Cruz de La Sierra chamada Melody Téllez. A notícia da prisão de Quezada no Brasil repercutiu também na Bolívia.
“Não temos nenhuma relação com esse traficante de drogas”, declarou o prefeito de Santa Cruz de La Sierra, Tito Sanjinés, também filiado ao MAS. Ele afirmou que Quezada “no máximo” era um simpatizante do partido, jamais tendo sido um membro.
Já a vereadora que empregou o ex-assessor de Morales se defendeu. “Para nós, a prisão dele nos surpreendeu e, além disso, nos deixou expostos por conta das suas ligações com o narcotráfico e a ameaça que isso representa aos que trabalharam com ele”, disse Téllez, que explicou ainda que ele deixou o posto em 6 de julho, alegando problemas de saúde. Acabou preso no Brasil no dia seguinte.
Já a Presidência da Bolívia até o momento não se pronunciou sobre o assunto.
Silêncio
No Brasil, Quezada declarou que, apesar de compreender o idioma português, preferiria manter o silêncio. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ele e os três comparsas seguem presos.
De acordo com a imprensa boliviana, Quezada é membro do MAS desde 2004, mas só passou a ter relevância cinco anos depois, quando a sua ex-mulher o denunciou por pagamentos de US$ 1 mil a líderes universitários contrários às suas ideias e às do partido.
Além disso, ele tinha planos de voos mais altos na política do país, principalmente em razão de ligações com movimentos sociais.
Primeiro presidente de esquerda da Bolívia, Evo Morales é também líder sindical dos cocaleiros, produtores de folha de coca. Em março, o líder sancionou legislação que ampliou de 12 mil para 22 mil a superfície legal para o cultivo da planta.
Embora tenha usos culturais, rituais e medicinais reconhecidos na constituição vigente desde 2009 no país andino, a folha de coca tem parte de sua produção desviada para o narcotráfico para a fabricação de cocaína.