Enquanto as medidas propostas são supostamente destinadas acombater a imigração ilegal, o tráfico de pessoas e a tomadas de reféns, é evidente que a inventada "ameaça russa" foi a razão principal para tudo isso, conforme indicam as recentes ações da Finlândia.
Na semana passada, a Finlândia aprovou um projeto de lei que proíbe os chamados "pequenos homens verdes" ou forças militares operando sem insígnias reconhecíveis (na Escandinávia tal designação costuma se referir aos soldados russos). Alguns dias antes, foi informado que a Finlândia reconstruiu seu sistema de túneis e bunkers da época da Guerra Fria na área metropolitana em caso da possibilidade absurda de um ataque russo.
O objetivo de alargar os poderes da Guarda de Fronteiras é ajudar esta força a manter a segurança até à chegada de reforços no caso de um incidente sério. Assim, a jurisdição da Guarda de Fronteiras será territorialmente estendida para além da linha fronteiriça.
Uma das mudanças mais notáveis propostas pelo projeto é usar recrutas militares como apoio. Atualmente, apenas estagiários e cadetes da Academia da Guarda de Fronteiras e da Guarda Costeira podem prestar apoio em situações críticas.
Entre os novos poderes, a Guarda de Fronteiras terá o direito de utilizar equipamento de coleta de informações secretas, tais como as estações das redes de celulares localizadas perto dos pontos de passagem nas fronteiras.
Além disso, os guardas poderão bloquear redes de telecomunicações móveis para que os "pequenos homens verdes" não possam coordenar suas ações.
Finalmente, A Guarda irá controlar mais o espaço aéreo ao longo da fronteira, tendo o direito de abater ou neutralizar drones e outros veículos não tripulados, evitando assim a espionagem.
"As ameaças híbridas costumam escalar muito rápido, sendo difíceis de antecipar", disse o comandante adjunto da Guarda de Fronteiras Sudeste, Jaakko Olli, para a Yle. "Os novos poderes nos permitirão reagir a situações de forma mais rápida e eficiente, mesmo nas condições do dia-a-dia", afirmou.
O projeto será discutido no parlamento no outono e se espera que entre em vigor na primavera de 2018.
Mais cedo neste ano, a OTAN e a União Europeia assinaram um acordo para estabelecer em Helsinque um Centro Europeu de Excelência para conter ameaças híbridas.