A versão remixada da música, gravada pelos porto-riquenhos Luis Fonsi e Daddy Yankee, encorajava a população da Venezuela a votar na Assembleia Constituinte, que pode mudar a Constituição do país e dar mais poderes ao Executivo nacional.
“Nosso chamado para a Assembleia Constituinte só procura unir o país... Despacito!", diz o vídeo divulgado no programa televisivo semanal de Maduro. “O que você acha, eh? Este vídeo foi aprovado?", pergunta o presidente venezuelano, sob gritos e palmas de aprovação.
Mas os responsáveis pela canção não gostaram nem um pouco do uso político do hit do momento.
“Em nenhum momento eu fui questionado, nem eu autorizei, o uso ou a mudança de letras de ‘Despacito’ para ambições políticas e muito menos no meio de uma situação deplorável que a Venezuela, um país que eu amo tanto, vive”, escreveu Fonsi em sua página no Twitter.
#sosvenezuela pic.twitter.com/V9X2Kv1z21
— Luis Fonsi (@LuisFonsi) 24 de julho de 2017
Daddy Yankee também fez duras críticas a Maduro pela iniciativa.
“O fato de você apropriar-se ilegalmente de uma música (‘Despacito’) não se compara com os crimes que você comete e cometeu na Venezuela. Seu regime ditatorial é uma piada, não só para os meus irmãos venezuelanos, mas para o mundo inteiro. Com este plano de marketing nefasto, você apenas destaca seu ideal fascista”, escreveu em sua página no Instagram.
A canção ‘Despacito’ – que significa ‘lentamente’ – é tida como o maior hit musical latino desde “Macarena”, de 1996.
A crise na Venezuela já dura mais de quatro meses, com protestos diários pelo país, cujo saldo de mortos já ultrapassa os 100, além de um número alto de feridos. Enquanto a oposição diz que a Constituinte é uma forma de Maduro se perpetuar no poder, o presidente afirma que ela é a única forma de pacificar a convulsionada nação sul-americana.
Além dos vizinhos continentais – dentre eles o Brasil –, a comunidade internacional também pediu que Maduro desista da Constituinte, uma vez que há um forte temor de que a iniciativa possa desencadear uma verdadeira guerra civil no país.