"A publicação dos documentos, cuidadosamente selecionados, que visa provar o conceito tendencioso [que os poloneses consideravam os militantes do Exército Vermelho como libertadores], estando esses documentos fora do contexto e apoiados em comentários tendenciosos, trata-se de falsificação da história. Imagem mentirosa já é percebida na introdução dos documentos", lê-se na declaração do instituto.
A "magem mentirosa" se refere ao trecho: "No verão de 1944, os soldados da Primeira Frente Bielorrussa do Exército Vermelho avançaram na região de Brest para a fronteira da União Soviética. Foi assim que começou a libertação da Polônia da ocupação dos fascistas." Os representantes do instituto sublinham que no verão de 1944 era obrigatório respeitar as fronteiras pré-guerras, mas "o Exército Vermelho as atravessou em janeiro de 1944'.
"A partir deste momento começou a 'libertação' da Polônia, tornando-se símbolo dos acontecimentos inglórios em Vilnius. Depois da expulsão dos alemães da cidade, o Exército Vermelho e o NKVD [Comissariado do povo para assuntos internos] cercaram e desarmaram cerca de oito mil militares do exército polonês, que tinham participado da luta para libertação da cidade, e depois eles foram levados a Kaluga [uma cidade na Rússia]. Os oficiais foram presos e levados aos campos na União Soviética. Essa foi a libertação", informou o instituto da Polônia.
"Dá para entender as reações do povo polonês, esgotado pela ocupação alemã e por cinco anos da guerra, à invasão do Exército Vermelho na Polônia. O povo esperava que trouxesse a liberdade, mas eram desconhecidos os planos da União Soviética em relação à Polônia. A realidade trouxe a desilusão rapidamente: o Exército Vermelho expulsou os alemães dos territórios poloneses, mas ao mesmo tempo desempenhava o papel de escudo para pôr em prática ditadura comunista na Polônia", informou o instituto.
De acordo com o Instituto de Memória Nacional da Polônia, para a maior parte da população polonesa, o Exército Vermelho trouxe "nova escravidão". "Os territórios poloneses se encontraram ocupados, talvez mais firmemente, por causa dos acordos, assinados entre a União Soviética e o Terceiro Reich, em agosto e setembro de 1939, e a essência dos acordos era a destruição da Polônia como Estado pelos dois países totalitários", sublinhou a organização polonesa.
Criado em 1998, o Instituto de Memória Nacional da Polônia pesquisa as atividades das agências de segurança polonesas, da União Soviética e do Terceiro Reich para investigar os crimes contra os poloneses no período pós-guerra.