Os EUA anunciaram que congelariam os ativos e as propriedades de Nicolás Maduro, o que na realidade parece ser uma brincadeira, já que o presidente venezuelano não possui nenhuns ativos em território norte-americano, o que significa que esta medida é, na sua maior parte, simbólica e declarativa, acredita o jornalista francês Maurice Lemoine, autor do livro "Chávez presidente!".
"A partir do momento em que Chávez chegou ao poder, os EUA têm tentado pôr fim à revolução bolivariana. Antes de tudo, porque a Venezuela é um símbolo. Ao longo de 15 anos, o país tem exercido uma influência enorme na situação na região da América Latina. No sentido político e econômico, a Venezuela tem sido uma pedra no sapato dos EUA", manifestou.
Lemoine frisou que os relatórios americanos revelam que Washington destinou 5 milhões de dólares ao financiamento da oposição venezuelana em 2017. O entrevistado enfatiza que a Casa Branca tenta apresentá-lo como se financiasse o apoio à democracia e aos direitos humanos na Venezuela.
Caso a administração norte-americana comece considerando a hipótese de impor sanções antivenezuelanas no setor petrolífero, estas poderiam ter um efeito exclusivamente negativo em Caracas, considera o cientista político Philippe Sébille-Lopez.
O entrevistado explicou que, para Washington, só lhe bastaria impor sanções contra o setor petroleiro para desestabilizar por completo a situação política na Venezuela, explicou o analista.
"É evidente que ao atacar a indústria do petróleo bruto, Washington faria com que o governo caísse mais rápido, causando uma crise que privaria Caracas da possibilidade de pagar suas dívidas", assegurou Sébille-Lopez.
A importância do setor de hidrocarbonetos para a Venezuela se explica por sua dependência dos mercados de exportações para poder manter sua economia viva.
Não obstante, há um obstáculo para Washington: tais sanções causariam perdas para os próprios EUA, pois o país é um dos maiores compradores do petróleo bruto venezuelano.