"Mesmo que seja uma bravata, ela acaba indicando alguma coisa. A diplomacia sempre esconde alguma coisa por trás das palavras", disse ele. "Isso não significa que o Departamento de Estado americano não tenha planejado, não tenha em vista, não tenha no horizonte uma ameaça militar real".
De acordo com Pedro Costa, embora Trump, antes de chegar à Casa Branca, tenha dado garantias ao seu povo de que iria manter os EUA distantes de questões que não dizem respeito aos norte-americanos diretamente, não é incorreto dizer que, ao contrário disso, a atual administração parece estar ressuscitando o chamado Big Stick (grande porrete), estilo de diplomacia utilizado por Theodore Roosevelt, no início do século XX, para impor as vontades de Washington através do uso da força quando necessário.
Os resultados dessa abordagem mais incisiva dos EUA no continente americano dependerão, ainda de acordo com o professor, da reação dos países latino-americanos, que inclusive já condenaram as declarações de Trump sobre a Venezuela. Para o especialista, no momento, a única consequência clara dessa polêmica é a "sobrevida" dada ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que, antes pressionado por todos, conseguiu o apoio de muitos críticos, incluindo membros da oposição interna, contra a possível ingerência norte-americana.
"Desde Sófocles, nós sabemos que a melhor maneira de se unir um povo, de ter um pouco de coesão interna, é arrumando um inimigo externo. E Trump deu isso de presente para a sociedade fraturada venezuelana."