De acordo com relatório produzido por Lee Sang-min, analista do Instituto Coreano de Análises de Defesas, sediado em Seul, o míssil norte-coreano Hwasong-14 não foi equipado com um sistema de reentrada estável que o permita sair e voltar intacto à atmosfera.
"Eu não vejo nenhum traço de (plasma) no lançamento Hwasong-14", disse ele ao jornal sul-coreano Korea Herald. "É altamente provável que o cone do nariz do míssil não tenha enfrentado um calor extremo — ou não se derreteu uniformemente", disse ele, acrescentando que o míssil poderia errar o alvo se o nariz não manter a sua integridade.
No lançamento do dia 28 de julho, o pesquisador explicou que lhe pareceu claro que o ICBM norte-coreano não teria condições de levar uma ogiva nuclear e mantê-la intacta durante a reentrada na atmosfera terrestre. A falta de geração de plasma na reentrada, segundo Lee, reforça tal avaliação sobre o fracasso do teste.
A base de análise acerca de traços de plasma durante o lançamento de ICBMs remete aos tempos da Guerra Fria, quando tal característica foi visualizada em testes com mísseis intercontinentais de Estados Unidos e Rússia, fosse de dia ou à noite.
Para o pesquisador sul-coreano, as imagens de chamas momentos antes da queda do Hwasong-14 próximo à ilha japonesa de Hokkaido reforçam a ideia de que, se carregado com uma ogiva, ela teria explodido ainda na reentrada da atmosfera.
"A forma com que o míssil aparece em chamas é esquisita. Considerando o fato das chamas desaparecerem de repente e não ocorrer nenhuma outra explosão, suspeito que a ogiva poderia ter explodido de maneira anormal", reforçou Lee.
O pesquisador concluiu ainda que o míssil parece ter explodido ainda longe do seu alvo final – aproximadamente a três ou quatro quilômetros do solo –, o que causaria pouco impacto se o míssil levasse uma ogiva nuclear.
"A Coreia do Norte é muito ambiciosa em provar que a sua arma pode chegar aos EUA e convencer a comunidade internacional a acreditar que tem tais capacidades. [Mas] sua tecnologia de reentrada ainda está em fase inicial", disse Lee.
Há a expectativa de que Pyongyang possa conduzir um novo teste balístico em breve, o mesmo sendo válido para um novo teste nuclear – o que seria o sexto na história norte-coreana.