Em oito meses de governo, Trump já demitiu uma série de aliados e assessores do seu gabinete, boa parte deles envolvidos em polêmicas internas que pouco ajudam uma administração associada diariamente a polêmicas, o que reflete a alta taxa de reprovação da gestão até aqui nos EUA.
A sugestão de que a demissão de Bannon, este ligado a movimentos de extrema direita estadunidenses (alguns envolvidos nos episódios de violência de Charlottesville), pudesse estar vinculada, entre outros fatores, à Coreia do Norte foi feita pelo congressista republicano Peter King.
"Ele [Bannon] estava discordando publicamente da política do presidente sobre a Coreia do Norte. E esta foi a política do presidente Trump, do secretário [James] Mattis, do secretário [Rex] Tillerson e do presidente do conselho de segurança nacional, o general McMaster", disse King, em entrevista neste domingo a uma rádio de Nova York.
"Para ele [Bannon] tornar isso público e, basicamente, dizer à Coreia do Norte que não temos nenhuma opção militar contra eles, era algo que estava prejudicando o presidente dos EUA", explicou.
No dia da demissão de Bannon, uma entrevista com o então estrategista de Trump foi publicada pelo site The American Prospect. Nela, ele falava sobre vários assuntos, em boa parte deles demonstrando discordância quanto aos rumos adotados pelo presidente dos EUA. E, como na abertura do artigo fica claro, tal entrevista pode ter custado o seu emprego.
"Não há solução militar [para a Coreia do Norte], esqueça", afirmou Bannon nesta entrevista. "Até que alguém resolva a parte da equação e me mostre que 10 milhões de pessoas em Seul não morrerão nos primeiros 30 minutos por armas convencionais, não sei do que você está falando. Não há nenhuma solução militar aqui. Eles nos pegaram".
Bannon dizia ainda, na mesma entrevista, que os EUA deveriam considerar um acordo com a China: a Casa Branca aceitaria retirar as suas tropas da Coreia do Sul, e em troca Pequim faria a sua parte ao congelar de vez o programa nuclear norte-coreano. Tal acordo, nestes termos, parece fadado a não acontecer, comentou o agora ex-estrategista de Trump.