Para especialista, EUA vão aumentar sua ingerência em outros países

© AFP 2023 / Johannes EiseleSoldados norte-americanos no Afeganistão
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Segundo o presidente da Academia de Problemas Geopolíticos da Rússia, coronel-general Leonid Ivashov, as afirmações do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o Afeganistão apontam para a expansão da ingerência dos EUA nos assuntos internos de outros países.

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Anteriormente, Trump afirmou que as competências das tropas estadunidenses no Afeganistão serão aumentadas a fim de lutar contra os terroristas neste país. Ele acrescentou também que os EUA já não vão revelar a quantidade de suas tropas, envolvidas nas operações antiterroristas, e seus planos militares em geral. Além do mais, Trump frisou que as consequências de uma retirada rápida de tropas dos EUA do Afeganistão são inaceitáveis.

"Uma única coisa é evidente: os norte-americanos vão expandir a ingerência nos assuntos de outros países via ferramentas de 'soft power' e via força militar", contou Ivashov nesta terça-feira (22) à Sputnik.

Ele sublinhou também que se observa uma "contradição entre o Trump-candidato a presidente, o presidente dos primeiros dias de seu mandato e o Trump atual".

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"Assim, podemos dizer que Trump não tem uma estratégia política clara quanto à presença de tropas norte-americanas no estrangeiro. Essa linha dele partiu de um ponto em que ele apelava a que os norte-americanos não interferissem nos assuntos internos de outros países e não envolvessem suas forças armadas nos problemas internos de outros países. Agora, ele afirma que os EUA vão aumentar as competências de suas tropas no estrangeiro, não vão comunicar o número dessas tropas e forças de operações especiais. Por isso é difícil entender o que quer mesmo o senhor Trump", ressaltou o especialista.

De acordo com Ivashov, o presidente dos EUA foi forçado a fazer declarações desse tipo "provavelmente por causa de seus oponentes e por sua popularidade estar baixa demais, ou então já tinha essa ideia durante sua campanha eleitoral".

"Assim, ele diz uma coisa, mas na verdade faz outra. Isso significa que podemos esperar, o que na verdade já está ficando claro, uma expansão da ingerência dos EUA nos assuntos internos de outros países. Estamos sentindo isso especialmente, e ainda vamos sentir mais, no exemplo da Rússia: a pressão e a intriga interna envolvendo os norte-americanos no nosso território estão aumentando", concluiu o presidente da Academia de Problemas Geopolíticos.

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Em 2001, depois dos ataques de 11 de setembro, os EUA iniciaram no Afeganistão uma operação militar antiterrorista. Posteriormente, com sanção do Conselho da Segurança da ONU, no país foi colocada a Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF, sigla em inglês) sob o comande da OTAN. A aliança antiterrorista comandada pelos EUA e ISAF esteve lutando contra os combatentes de movimento Talibã e da organização Al-Qaeda (proibida na Rússia e em vários outros países). Em 2014, o contingente militar dos países da OTAN foi retirado do Afeganistão, e desde 1 de janeiro de 2015 a operação militar foi substituída pela missão não-combatente Apoio Resoluto.

Em diferentes anos, a quantidade de tropas norte-americanas no Afeganistão tem mudado, atingindo durante o mandato de Barack Obama o número de 100 mil militares. Contudo, na sequência de um pedido da República Islâmica do Afeganistão, o então presidente resolveu diminuir drasticamente o contingente e deixar no país apenas cerca de 8,5 mil efetivos (esse número não inclui os militares dos aliados dos EUA). Eles realizam operações especiais contra os talibãs e a organização Estado Islâmico (proibida na Rússia e em vários outros países), assim como treinam e consultam as forças de segurança locais.

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