A Marinha russa possui mísseis Oniks e Granit, que tradicionalmente preocupam os comandantes de navios de guerra norte-americanos, enquanto o Tsirkon hipersônico pode se tornar um verdadeiro pesadelo para eles.
Velocidade fantástica
O sistema 3K22, equipado com o míssil hipersônico Tsirkon, está passando por testes desde 2016. A informação sobre o projeto é secreta, se sabe apenas que o míssil pode acelerar até à velocidade fantástica de Mach 10 (quase 12 mil km/h), percorrendo quase 3,5 quilômetros em um segundo. O alcance operacional será de 500 quilômetros.
Tal velocidade hipersônica torna o míssil praticamente invulnerável e faz de qualquer porta-aviões norte-americano um alvo fácil. Um grupo naval clássico norte-americano inclui muitos navios de guerra que devem proteger o porta-aviões dos ataques inimigos, e eles podem conter os pesados mísseis soviéticos Granit e Vulkan, que voam a uma velocidade de Mach 2,5, mas eles já não conseguirão detectar ou reagir ao ataque de um grupo de Tsirkon.
"A existência de tais armas em quantidade suficiente reforça seriamente as capacidades defensivas e ofensivas do país que o possui. Hoje em dia, não existem meios de combate contra mísseis hipersônicos, mas estou convencido que eles vão aparecer", acrescentou à Sputnik o almirante Vyacheslav Popov, ex-comandante da Frota do Norte russa.
Danos críticos
Como mostra a prática, a construção de mísseis de cruzeiro prevê a possibilidade de substituição da ogiva simples por uma nuclear, o que permite a destruição de um navio grande com um só míssil. É provável que o Tsirkon não seja uma exceção. Mas mesmo uma ogiva convencional pode causar danos fatais a um porta-aviões dispendioso.
Segundo as previsões, a Rússia vai receber os Tsirkon no período de 2018 a 2020 e os poderá instalar não só em navios de guerra, mas também nos sistemas de mísseis costeiros Bastion e em aviões.
Uma preocupação para o Ocidente
"O Tsirkon pode ser classificado como um míssil estratégico – seu tempo de voo é o ponto decisivo. Ainda é possível interceptar um míssil de algum modo, mas se forem 10 – não há chances. Estou certo que o aparecimento deste míssil foi completamente inesperado para o nosso inimigo potencial e o forçou a rever os planos de posicionamento das suas frotas. Eles vão buscar um antídoto, mas ainda não o possuem", acrescentou o analista militar russo Ivan Konovalov à Sputnik.
Muitos analistas russos e estrangeiros concordam que os EUA deviam ter tratado da modernização da sua defesa antiaérea e antimíssil antes do aparecimento dos mísseis supersônicos russos para manter o equilíbrio de forças.