Neto de Leon Trotsky à Sputnik: a verdade sobre a morte do avô

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No dia 21 de agosto de 1940, no México morreu Leon Trotsky. Seu neto Esteban Volkov, que se encontrava nesse dia na mesma casa em Coyoacán, na Cidade do México, diz querer reestabelecer a verdade histórica.

A Sputnik Mundo entrevistou Esteban Volkov e esclareceu como foi realizado o assassinato de seu avô e o que Volkov pensa sobre o papel dele na revolução russa.

Leon Trotsky foi presidente do Soviete de Petrogrado de 1905 a 1917 e foi um dos organizadores da tomada do Palácio de Inverno durante a Revolução de Outubro. No âmbito do novo governo ele ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores, além disso, foi um dos fundadores do Exército Vermelho, que por sua vez venceu a Guerra Civil depois da Revolução.

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Nos anos 20 do século passado, Trotsky, um grande teórico do marxismo, liderava a oposição a Stalin. Mas depois ele foi excluído do partido e, em 1929, foi expulso da União Soviética. México foi o único país que decidiu dar-lhe asilo. Mas lá ele também não conseguiu salvar sua vida. Quatro anos depois de sua chegada ao país, o comunista catalão Ramón Mercader, que tinha o pseudônimo de Jacques Mornard, assassinou Trotsky com uma picareta de alpinismo de acordo com uma ordem de Josef Stalin.

Esteban Volkov, filho de Zinaida, filha de Trotsky, foi testemunha desses trágicos eventos que vitimaram o político famoso. Desde então, Esteban Volkov acha que sua missão é "reconstruir a verdade histórica".

© Foto / Museu Casa de León TrotskyEsteban Volkov e sua esposa em 1959
Esteban Volkov e sua esposa em 1959 - Sputnik Brasil
Esteban Volkov e sua esposa em 1959

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Volkov conta que chegou à casa em Coyoacán um ano antes do assassinato de seu avô. Contra Trotsky foram realizados dois atentados. O primeiro, em 24 de maio de 1940, foi realizado quando um grupo de stalinistas entrou na casa do político graças à ajuda de um guarda-costas dele que se verificou ser um agente secreto. Volkov disse que naquela altura seu avô sobreviveu graças a um milagre, porque os atacantes dispararam muitos tiros por toda a casa. Mesmo o pequeno Esteban ficou ferido em um dedo do pé.

Trotsky tinha certeza que Stalin não ia parar e que ordenou que se realizassem mais atentados. Finalmente, um agente catalão do Comissariado do Povo para os Assuntos Internos (NKVD), Ramón Mercader, que tinha o pseudônimo de Jacques Mornard, estabeleceu laços de amizade com guarda-costas de Trotsky.

© Foto / Museu Casa de León TrotskyUm retrato de León Trotsky
Um retrato de León Trotsky - Sputnik Brasil
Um retrato de León Trotsky

Usando estas relações, ele pediu para Trotsky corrigir um dos seus ensaios e o político concordou, conta Volkov. Jacques conseguiu entrar no gabinete de Trotsky, mas só realizou o assassinato quando entrou lá pela segunda vez. Quando Trotsky começou examinando o ensaio, Jacques Mornard lhe bateu na cabeça com uma picareta de alpinismo.

"O meu avô não morreu imediatamente, ele conseguiu se levantar para resistir ao atacante e gritou muito alto. Logo chegaram os guarda-costas que dominaram o assassino", conta Volkov.

Esteban Volkov contou que toda sua família foi assassinada, incluindo seu pai e dois filhos de Trotsky, Sergei e Leon. A primeira esposa de Trotsky, ou seja, a avó de Esteban, morreu em um campo de trabalho, a mãe de Volkov cometeu suicídio porque não conseguiu receber a cidadania russa e se reunir com sua família. "É o destino da minha família — a eliminação, os assassinatos", disse.

© Foto / Museu Casa de León TrotskyLeón Trotsky com luvas de jardineiro
León Trotsky com luvas de jardineiro - Sputnik Brasil
León Trotsky com luvas de jardineiro

Esteban Volkov conta que conseguiu se encontrar com sua meia-irmã. Ele viajou para se encontrar com ela na Rússia, mas um mês depois do encontro ela morreu de câncer.

"Um dos crimes de Josef Stalin foi a eliminação da verdade histórica, falsificá-la e propor planos errados para a humanidade", disse Volkov, acrescentando que ele considera o restabelecimento da verdade histórica como sua principal missão. Ele concluiu dizendo que não quer entrar no palco político, mas simplesmente contar a verdade por ser uma testemunha.

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