Contudo, os membros do Estado-Maior Conjunto dos EUA declararam que as forças armadas norte-americanas se manifestam contra o racismo e extremismo e não vão permitir isso nas fileiras.
Coincidência ou tendência?
Por exemplo, Dillon Hopper, o líder do grupo Vanguard America, que organizou a ação em Charlottesville, é um antigo fuzileiro naval que prestou serviço no Iraque e Afeganistão.
Há muitos exemplos de radicais de extrema direita no exército norte-americano, entre os mais recentes é o ex-militar Wade Michael Page, que matou seis paroquianos num templo sique no Wisconsin. Em março deste ano, o veterano da guerra no Afeganistão James Harris Jackson matou ostensivamente um cidadão afro-americano em Nova York. Finalmente, em abril do ano em curso, um veterano da guerra no Iraque, que é fundador de um grupo extremista local, bateu numa feminista.
Estatística nada confortante
Só no período de 2001 a 2008, o FBI classificou 203 soldados ou veteranos como membros ativos de grupos da extrema direita.
Em 2009, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos publicou seu próprio relatório que apontava que os grupos de extrema direita se podem aproveitar dos problemas psicológicos dos veteranos das guerras, o que pode levar ao surgimento de novos grupos radicais ou terroristas nos EUA. O relatório provocou a crítica dos conservadores, por isso a ministra Janet Ann Napolitano teve que pedir desculpas aos veteranos e desmentir as conclusões do relatório.
O professor de sociologia Pete Simi, da Universidade Chapman, estuda as organizações de extrema direita há muitos anos. De acordo com ele, em 31% dos casos de terrorismo de extrema direita nos EUA participaram antigos militares.
A luta sem fim contra os neonazistas
Não se pode constatar que nos EUA não compreendem a ameaça da radicalização dos militares.
Mas Dillon Hopper, da Vanguard America, serviu precisamente como recrutador no Corpo de Fuzileiros Navais durante vários anos. Hoje em dia, qualquer soldado apanhado tendo laços com organizações radicais será expulso das Forças Armadas.
O exército norte-americano tentou se livrar dos ultradireitistas: em 1986, no meio da luta contra o Ku Klux Klan, nos anos noventa, após o atentado do veterano da guerra no golfo Pérsico Timothy McVeigh em Oklahoma City, que causou 168 vítimas mortais, e em 2009 após a eleição de Obama. Atualmente, exército empreende a quarta tentativa após a eleição de Trump. Vejamos se vai ser bem-sucedida.