Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a secretária-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores na Aviação Civil (Fentec), Selma Balbino, disse que a categoria vai se mobilizar contra o leilão dos terminais e já mostra aos usuários, nos aeroportos, os prejuízos que a aviação brasileira terá com a venda desses terminais, tanto na parte de serviços quanto nas tarifas aeroportuárias.
"Somos contra esse tipo de coisa, de um governo ilegítimo, com um Congresso vendido, que vende o Brasil a troco de nada. (O lucro de R$ 137 milhões auferidos pelo Aeroporto de Congonhas, no primeiro semestre) É a prova cabal que aeroporto dá lucro e que a venda é só interesses pontuais de alguns partidos comprometidos com o capital internacional para beneficiar individualmente parlamentares, ministros e pessoas com cargo público que não têm nenhum interesse e comprometimento com a nação", diz Selma.
Segundo a dirigente, as taxas aeroportuárias vão ficar mais caras, como tem ocorrido nos últimos cinco anos. "Isso além da carga de passagens que as empresas aéreas arrumaram como um novo filão para ganhar dinheiro. É um ganha-ganha, e só o público usuário que perde. Querem privatizar só o filé mignon. Os outros duros ficam para o Estado", diz a secretária-geral, para quem a Infraero se tornará dependente de recursos do governo para bancar suas despesas de custeio.
Na análise de Selma, o modelo de privatização dos aeroportos brasileiros teve na devolução do Aeroporto de Viracopos um de seus maiores revezes. Privatizado em 2012 por R$ 3,8 bilhões, com um ágio de 160%, pago pelo Consórcio Aeroportos do Brasil, administrado pela Constran e Triunfo. O terminal, considerado o de maior transporte de carga aérea do Brasil, foi devolvido ao governo no final de julho. O plano era investir R$ 9 bilhões para ampliação do terminal para 100 mil m² e um projeção de 14 milhões de passageiros por ano. A alegação do consórcio para devolução do negócio foi a queda do número de passageiros e cargas nos últimos anos.
Em ofício enviado esta semana pela Infraero ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, a Infraero alerta que as privatizações vão gerar um custo extra de R$ 3 bilhões por ano ao governo, o que fará a empresa operar no vermelho por mais de 15 anos. Segundo a Infraero, a venda de aeroportos lucrativos vai impactar na manutenção dos demais, em especial no interior do país. "A perda de aeroportos superavitários e imprescindíveis vai afetar a manutenção do subsídio cruzado da rede de aeroportos administrados pela Infraero", alega a empresa. Dos 17 terminais superavitários administrados pela Infraero, os de Curitiba, Recife, Congonhas e Santos Dumont respondem por mais de 78% dos resultados.
A Sputnik Brasil procurou a Infraero, mas foi informada que a empresa não iria se pronunciar sobre o assunto.