Bombardeiros estratégicos russos Tu-95MS em 24 de agosto realizaram voos de rotina sobre o mar do Japão (também conhecido como mar do Leste), o mar Amarelo e o mar da China Oriental, ou seja, contornaram a península da Coreia. Os bombardeiros foram acompanhados por caças Su-35S e aviões-radar A-50, no que foi a maior escolta ultimamente realizada.
Como considera o analista da Sputnik Aleksandr Khrolenko, a Força Aeroespacial russa avaliou o possível teatro de operações e enviou desta forma uma mensagem aos parceiros norte-americanos, que tentam comandar a situação desequilibrada da região.
Armagedom móvel
As aeronaves da aviação estratégica efetuam regularmente voos sobre águas neutrais, mas não é frequente os Tu-95SM realizarem voos acompanhados por caças e aviões-radar. Tal "escolta" mostra o alto nível de preparação dos sistemas de designação de alvos, das armas de ataque e da cobertura de caças para efetuar missões de importância estratégica.
O avião A-50U está equipado com o sistema de radar Shmel, que pode detectar alvos à distância de 300 a 600 km. A nova versão possui um sistema de comando do radar totalmente digital e um cockpit de conforto aumentado, adaptado para patrulhas do espaço aéreo de longa duração. Além disso, o A-50U se distingue do seu antecessor por sua maior autonomia de voo.
Falando dos caças Su-35S, vale destacar que estes são capazes de desviar o jato de reação na direção requerida graças à mobilidade da boca do motor. Em outras palavras, o piloto dirige o avião não só com o uso das flaps, mas também por meio dos fortes jatos de reação. Isto permite ao avião mudar sua direção, altitude de voo e posição no ar de maneira rápida e quase sem efeito de inércia.
Como sublinha o autor do artigo, o potencial do grupo aéreo russo sobre os mares do Japão, Amarelo e da China Oriental faz alusão ao "Armagedom móvel" e torna o possível teatro de operações um "livro aberto".
Reação forçada
O mar do Japão (mar do Leste) é um mar interno da Rússia, Coreia do Norte, Coreia do Sul e Japão. As ameaças crescentes dos EUA, país que não faz parte da região, em relação a Pyongyang e as manobras de grande escala suscitam preocupações dos jogadores legítimos da região — a China e a Rússia.
Moscou não pode deixar sem atenção as promessas dos EUA de "pôr em ordem" mais um governo indesejável, que fica muito perto da cidade russa de Vladivostok. De qualquer maneira, a Rússia tem que reagir à ameaça de um possível conflito armado de grande escala perto do seu território.
Contudo, é a Rússia que apela à Coreia do Norte para não reagir às manobras dos EUA e Coreia do Sul. E Pyongyang continua calma, pelo menos aparentemente, e não vai além de fazer declarações sobre a "vingança impiedosa".
Provavelmente, resume o autor, o problema nuclear da Coreia do Norte apenas pode ser resolvido por meio de negociações com Pyongyang. Mas até hoje os norte-coreanos apenas observaram atitudes hostis da parte dos EUA, tentando estes mobilizar todo o mundo contra a Coreia do Norte.