"A primeira tentativa de construir um submarino nuclear, o Q 244, não deu certo, porque os engenheiros franceses não foram capazes de reduzir suficientemente o tamanho do reator nuclear. O submarino foi cancelado em 1959", explicou Mizokami.
O projeto seguinte foi coroado de êxito e dele surgiu a primeira classe de submarinos nucleares franceses: Le Redoutable. Foi o início do poderio militar francês no mar.
A primeira classe: Le Redoutable
A primeira classe era composta de cinco submarinos, retirados a partir de 2008: Le Redoutable, Le Foudroyand, L'Indomptable, Le Tonnant e L'Inflexible, construídos nos estaleiros de Cherborg entre 1971 e 1980.
Os submarinos da classe Le Redoutable estavam equipados com quatro tubos de torpedos de 533 milímetros com sistema de autodefesa e eram capazes de lançar mísseis de cruzeiro antinavio SM 39 Exocet. Le Foudroyant transportava mísseis M2, uma atualização dos M1, com um alcance de 2.962 mil quilômetros.
Os submarinos L'Indomptable e Le Tonnant, também da classe Le Redoutable, lançavam tanto M2 como os novos M20, com o mesmo alcance de 2.962 quilômetros, mas "com uma cabeça termonuclear gigante de um megaton", indicou Mizokami.
O último submarino da primeira classe, L’Inflexible, foi equipado com misseis balísticos M4 com um alcance de 2.981 mil quilômetros, o suficiente para alcançar Kazan, cidade russa nas margens do rio Volga.
Essa frota, a Força Oceânica Estratégia (FOST na sigla em francês), tinha sua base em Ile Longue, em Brest, "e seus submarinos costumavam patrulhar as costas francesas e portuguesas".
"Três submarinos tinham que estar na água em todos os momentos e um quarto tinha que estar pronto para isso", disse o autor.
A segunda classe: Le Triomphant
Construídos entre 1986 e 2010 e, portanto, preparados para enfrentar o período pós-Guerra Fria, os submarinos da classe Le Triomphant começaram sendo construídos em 1986. O primeiro deles, Le Triomphant, entrou na frota francesa em 1997. O segundo desta classe, Le Téméraire, entrou em 1999. O terceiro submarino, Le Vigilant, não viu a luz do dia até 2004 e o quarto e último, Le Terrible, foi construído apenas em 2010.
"[Os submarinos da classe Le Triomphant] são maiores que os da geração anterior e usam o mesmo reator nuclear que o porta-aviões Charles de Gaulle, o K-15. Os quatro submarinos desta classe estão armados com mísseis de médio alcance M4B, a combustível sólido e com um alcance de seis mil quilômetros."
O último submarino, Le Terrible, está equipado com mísseis M51, idênticos ao M4B, mas com um alcance um pouco mais longo, disse o especialista. "Cada ogiva nuclear é capaz de manobrar independente durante a descida", comentou ele.
O M51 tem um alcance de oito mil quilômetros e toda a frota de submarinos atual está montando essa versão de mísseis.
"Provavelmente, o ressurgimento do poder militar russo – e o desejo de usá-lo – está empurrando Paris para continuar sendo uma potência nuclear durante as próximas décadas", disse Mizokami, acrescentando que "sendo tão pequeno como é hoje, o arsenal nuclear da França não se destina a ganhar uma guerra, mas a não perdê-la".