No último dia 22, o presidente brasileiro, Michel Temer, publicou um decreto extinguindo a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), uma imensa área localizada entre os estados do Pará e Amapá, com 46.450 quilômetros quadrados, o que desencadeou uma série de críticas, inclusive internacionais, contra a sua administração. Após muitas discussões e protestos, na noite de ontem, um novo decreto foi publicado, apresentando mais detalhes sobre os planos de exploração da região, mas mantendo a extinção da reserva. Assim como o primeiro, esse novo decreto também foi alvo de duras críticas, sendo considerado por muitos uma tentativa de enganar a opinião pública sobre as consequências nocivas da decisão do Planalto.
O novo decreto de Temer em relação à Renca é uma tentativa de enganar a sociedade e reduzir a pressão sobre seu governo. pic.twitter.com/pcoF2OZs5k
— Assessoria Randolfe (@informeRandolfe) 28 de agosto de 2017
De acordo com o senador Jorge Viana, que, ao lado de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tem sido uma das principais vozes no Congresso a favor da manutenção da Renca, o governo Temer, na prática, está tentando vender partes da Amazônia para empresários, contra a vontade da população e contra os interesses do país.
"É muita ousadia um governo que não tem legitimidade nem mesmo para conduzir o dia a dia estar propondo um verdadeiro leilão do patrimônio público brasileiro", afirmou o parlamentar. "Se arvorando também a comprometer a soberania nacional, vendendo, leiloando parte da Amazônia, do seu subsolo".
Para Viana, a maneira como o Planalto vem conduzindo essa questão muito se assemelha a outros episódios polêmicos que marcaram a política brasileira recentemente, o que justifica sua preocupação com a agenda de Temer.
"Eles estão fazendo assim, e vão fazer aí, talvez, por debaixo do pano, às escondidas. Na reforma trabalhista, disseram que iriam fazer a aprovação e, depois, a regulamentação. Não fizeram. Também em relação às questões da Amazônia, já prometeram frear a saga de tentar direitos dos povos indígenas", destacou o senador. "Eu acho que não vai parar por aí, não".
Sobre a denúncia de que empresas canadenses teriam sido informadas sobre a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados antes mesmo da publicação do decreto correspondente, Jorge Viana considera essa situação extremamente grave. Ele acredita que "certamente, houve uma negociação anterior" ao decreto.
Para finalizar, o senador disse ver toda essa dinâmica ambiental atual como resultado de acordos firmados entre Temer e a chamada bancada ruralista do Legislativo nacional, da qual o chefe de Estado seria "refém".
"O problema desse governo é que, além de não ter nenhum apoio popular, menos de 5% de apoio, ele vive em função do que há de pior no Congresso brasileiro, que é uma base conservadora e atrasada de parlamentares que exigem do governo que tome medidas como essa, favoráveis às teses deles, para seguirem sustentando o governo."