Há 30 anos, a União Soviética completou o programa de testes com os mísseis móveis Molodets, que eram camuflados em trens convencionais. Sem chamar a atenção, tais trens transportavam também os temidos mísseis RT-23.
Tais trens deixaram de transportar armamentos em razão do Tratado de Redução de Armas Estratégicas START-II, firmado em 1993. Contudo, em julho, o vice-premiê russo Dmitry Rogozin revelou que empresas do país irão produzir o sistema de mísseis estratégicos Barguzin.
De acordo com artigo da RIA Novosti, isso possivelmente significa o renascimento dos chamados "trens fantasmas" soviéticos, que por sua vez tinham o apelido de "trens da morte" em razão da letalidade que poderiam impor aos seus inimigos.
Os mísseis do projeto Barguzin estão sendo desenvolvidos pelo Instituto de Tecnologia Térmica de Moscou desde 2012. Eles consistem nos próprios "trens da morte", carregados com seis mísseis balísticos intercontinentais RS-24 YARS e terão modernos meios de camuflagem, de combate radioeletrônico e defesa antiterrorista.
Tais trens circularão em linhas férreas tradicionais da Rússia, sem serem reconhecidos, podendo acionar os seus mísseis a qualquer momento. Os primeiros armamentos deverão estar disponíveis já em 2018, segundo as autoridades russas.
Para o especialista militar Igor Korotchenko, os novos trens do projeto Barguzin podem ser considerado uma verdadeira "carta na manga" para a Rússia, sobretudo por "criarem um fator de incerteza" para os adversários.
Korotchenko lembra que o projeto Barguzin é uma resposta russa ao programa Ataque Global Imediato, dos Estados Unidos. Anunciado pelo Pentágono em 2010, ele possibilita um ataque nuclear massivo contra infraestruturas militares, defesas antiaéreas e postos de controle.
"Se o inimigo não possuir todas as coordenadas exatas para os lançadores de mísseis, tal conceito não funciona", explicou o especialista, exaltando assim o projeto dos trens russos.