O baixo nível de umidade — a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera perigosos índices abaixo de 12% — pode acarretar diversos problemas graves de saúde como insolação, desidratação e crise de pressão em pessoas mais suscetíveis. O clima seco também tem favorecido a propagação de focos de incêndio em Brasília e nos arredores. Até 27 de agosto, último dado disponível, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal atendeu a 4.756 ocorrências de incêndio florestal que atingiram 6.370 hectares. Só em agosto foram 2.469 dessas ocorrências, queimando 3.997 hectares. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que os níveis de umidade devem baixar mais nos próximos dias, podendo comprometer até o desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios.
A coordenadora da Defesa Civil de Brasília, encarregada do Departamento de Riscos e Desastres, major Solange Ribeiro, diz que Brasília tem um clima bem seco no inverno, mas este ano os níveis de umidade estão surpreendentemente baixos.
"Brasília está no meio do bioma do Cerrado, mas este ano estamos sendo um pouco mais castigados. A temperatura não precisa nem estar a 30 graus para a umidade estar baixa. Só que neste momento estamos com a temperatura muito alta e umidade relativa do ar muito baixa. Quanto mais baixa ela estiver mais teremos nossas plantações e a flora nacional ao redor pegando fogo, às vezes até pela ação humana. A estiagem está muito agressiva, estamos chegando a índices de 9%, 10%. Em 2015, tivemos um dia de 9%, mas já estamos há três dias abaixo de 12%", explica a oficial.
Segundo a major, no período de estiagem, a Defesa Civil trabalha com três estágios: o de atenção, quando a umidade está entre 20% e 30%; o estado de alerta, entre 20% a 12% e o estado de emergência, quando o nível de umidade do ar cai abaixo de 12%. A partir desse nível, a Defesa Civil entra em todos os canais de comunicação e faz recomendações aos órgãos públicos e às escolas.
"Nesse momento, uma das principais recomendações é a sugestão de que sejam interrompidas as atividades físicas, não só ao ar livre, mas também em local coberto e que esse aluno possa ter acesso à hidratação, que possa estar com uma roupa leve se for ao ar livre, cobrindo o corpo, principalmente os braços. Também recomendados aos órgãos públicos como a CLU (Companhia de Limpeza Urbana) e Novacap que o encarregado minimize o trabalho dos funcionários nas ruas nos horários de maior incidência da queda de umidade.", diz a major Solange.
Outras recomendações dadas pela Secretaria da Defesa Civil são consumir por dia pelo menos seis copos médios de água, optar por refeições e roupas leves, usar protetor solar e creme hidratante para combater o ressecamento da pele, pingar duas gotas de soro fisiológico em cada narina pelo menos seis vezes por dia e usar umidificador ou toalhas molhadas e bacias d´água em ambientes fechados em vez do ar-condicionado para manter o ambiente menos seco.
O alerta de baixa umidade do ar e de risco de incêndios não se restringe apenas ao Distrito Federal. Ele vale também para áreas do oeste, centro e noroeste de Goiás, leste do Mato Grosso, sul e sudeste do Tocantins e oeste do Distrito Federal.