A coalizão disse em um comunicado, divulgado na sexta-feira, que durante o mês de julho havia investigado 37 relatórios de baixas civis. "[Daqueles] 13 foram acessados para serem críveis, resultando em 61 mortes civis involuntárias".
A coalizão está atualmente investigando um total de 455 relatórios de baixas civis causadas por sua artilharia ou ataques aéreos, segundo o comunicado. Além disso, o grupo liderado pelos EUA reconheceu pelo menos 685 mortes de civis causadas por suas operações desde agosto de 2014.
"Até o momento, com base nas informações disponíveis, a CJTF-OIR [Força-Tarefa Conjunta Combinada — Operação Solução Inerente] avalia que, é mais provável do que não, pelo menos 685 civis foram mortos involuntariamente por ataques de coligação desde o início da Operação Solução Inerente", afirmou a nota, observando que a coalizão leva todos os relatórios de vítimas civis "a sério e avalia todos os relatórios o mais minuciosamente possível".
O incidente mais mortal foi um ataque em 14 de março perto de Mossul, na qual a coalizão atacou uma posição do Daesh onde terroristas estavam atirando em aliados da coalizão.
"Durante um ataque contra combatentes do Daesh envolvendo as forças parceiras de uma posição de luta, foi avaliado que 27 civis em uma estrutura adjacente foram mortos involuntariamente", revelou a coalizão.
"Embora não possamos investigar todos os relatórios de possíveis vítimas civis usando métodos de investigação tradicionais, como entrevistas de testemunhas e exame no local, a coalizão entrevista pilotos e outros funcionários envolvidos no processo de direcionamento, greve de críticas e vídeo de vigilância, se disponível, e analise de informações fornecidas por agências governamentais, relatórios não-governamentais, forças parceiras e mídia tradicional e social", continuou.
ONU preocupada com 'excessos' dos EUA
De agosto de 2014 a julho de 2017, a coalizão realizou um total de 24.160 ataques. "Durante este período, o número total de relatórios de possíveis baixas civis foi de 1.169", destacou. O número total de relatórios credíveis de vítimas civis durante esse período foi de 164, disse a mesma nota.
Os civis estão pagando um preço "inaceitável" no cerco da cidade de Raqqa, um alto funcionário dos direitos humanos da ONU sublinhou na quinta-feira, acrescentando que a coalizão liderada pelos EUA pode não estar respeitando os princípios do direito internacional humanitário em seus ataques aéreos "intensos".
Zeid Ra'ad al-Hussein, alto comissário da ONU para direitos humanos, disse que seu escritório conseguiu verificar relatórios de 151 mortes civis de seis operações aéreas ou terrestres ao longo de agosto apenas.
"Dado o número extremamente elevado de relatórios de baixas civis neste mês e a intensidade dos ataques aéreos em Raqqa, juntamente com o uso de civis pelo Daesh como escudos humanos, estou profundamente preocupado com o fato de civis — que devem ser protegidos em todos os momentos — estarem pagando um preço inaceitável e que as forças envolvidas na luta contra o Daesh estejam perdendo de vista o objetivo final desta batalha", disse Zeid em comunicado.
A ONU expressou "profundas preocupações" com o crescente número de vítimas civis em Raqqa infligidas por ataques aéreos liderados pelos EUA, condenando "qualquer ataque dirigido contra civis ou infraestrutura civil".
"Nossos colegas humanitários nos dizem que estão profundamente preocupados com relatos não confirmados de um grande número de civis mortos por ataques aéreos na cidade de Raqqa nas últimas 24 horas", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, a jornalistas em uma reunião diária no final do mês passado.
"Nos últimos dias e semanas, dezenas de civis foram mortos e feridos em Raqqa devido a ataques aéreos e bombardeios e até 25 mil pessoas ficaram presas na cidade", disse Dujarric.