Quem diz isso é o advogado Gabriel Andrade, presidente da Abravic, Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Gabriel Andrade esclareceu diversas dúvidas que têm sido levantadas sobre a questão mas enfatizou que os familiares das vítimas precisam não só de auxílio como também de amparo e proteção:
“A questão da sobrevivência e da manutenção dos familiares das vítimas é muito importante para ser aqui abordada. Existe uma distorção muito grande por parte de alguns setores da mídia, e também por parte de algumas pessoas, como se todas as vítimas e seus familiares não precisassem de amparo financeiro, apoio psicológico, emocional, enfim. Na verdade, a gente está falando de 64 vítimas brasileiras e de 71 vítimas no total. Disso aí, pode-se fazer uma conta por alto e imaginar quantos familiares estão envolvidos entre pais, filhos, esposas, pessoas que, efetivamente, dependiam dos ganhos das vítimas fatais. Em alguns casos, há pessoas que possuem uma condição mais privilegiada e até receberam direitos decorrentes das relações jurídicas do trabalho ou mesmo receberam valores referentes a seguros de vida pessoais. Mas diversas outras pessoas não estão em condições mínimas de manter um nível de vida adequado e necessário. Então, eu chamo a atenção da mídia e das pessoas que às vezes criticam e julgam os familiares – ou mesmo, as próprias vítimas – que nós temos casos de extrema necessidade social. São pessoas que têm de ser abraçadas e acho que essas pessoas têm de ser ajudadas pela sociedade em geral.”
“Em relação à Chapecoense, o clube teve que se reestruturar e reorganizar. O clube perdeu toda uma delegação – além de atletas, funcionários e diretores – e mais ainda, os jornalistas que estavam a bordo daquele voo. Esse problema, dentre outros, dificultou um pouco a celeridade desse processo de auxílio às famílias das vítimas.”
O presidente da Abravic diz não ter dúvidas de que o clube honrará seus compromissos com os familiares das vítimas:
“Os diretores da Chapecoense nos asseguraram que os recursos arrecadados com os amistosos da Chapecoense, inclusive com o Barcelona, serão rateados entre o Clube e os familiares das vítimas. Tive uma reunião há duas semanas com a diretoria do clube e o presidente (Plínio David de Nês, conhecido como Maninho) assegurou que 50% do lucro líquido arrecadado no amistoso com o Barcelona em Camp Nou será destinado às famílias das vítimas. Após o amistoso com a seleção do Brasil, surgiram questionamentos sobre estes pagamentos, de modo que tudo precisa ser feito com todo cuidado. Os familiares receberão os donativos em partes iguais, dentre o que corresponder a 50% dos valores arrecadados".
Gabriel Andrade conta que sugeriu à diretoria da Chapecoense criar um comitê de gestão de crise:
Ainda de acordo com o presidente, a Abravic está proporcionando assistência psiquiátrica e psicológica aos familiares das vítimas:
“Nós, da Associação, através de recursos captados junto à iniciativa privada, vimos pagando auxílio escolar até o importe de 600 reais por criança, todas filhas das vítimas do acidente. E também estamos dando amparo psicológico e psiquiátrico. Por sinal, quero agradecer à direção da Associação Brasileira de Psiquiatria que está nos ajudando a obter especialistas que estão atendendo, gratuitamente, essas pessoas.”
Além da Abravic, uma outra entidade de apoio foi criada em Chapecó, a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (Avav-C). A presidente é Fabienne Belle e tanto ela quanto Gabriel Andrade voltarão a se reunir com a diretoria da Chapecoense, em meados de setembro, para definir quando e como serão feitos os pagamentos devidos pelo clube aos familiares das vítimas.
Relembre
A Chapecoense estava a caminho de Medellín onde iria disputar com o Atlético Nacional a decisão da Copa Sul Americana de 2016. Diante da tragédia, o Atlético Nacional pediu à Conmebol (entidade que regula o futebol na América do Sul) para declarar a Chapecoense campeã da competição, abrindo mão da partida que seria decisiva.