Sputnik: Como o senhor avaliaria o projeto de etanol brasileiro e será que há algumas perspetivas de cooperação com Moscou neste campo?
Igor Shakhrai: Claro que há perspetivas de cooperação com o Brasil, mas, que eu saiba, o mercado é bem fechado, no que se trata da localização em território brasileiro, se falarmos da energia solar. Sobre o etanol, estou pouco familiarizado com este mercado e essa tecnologia, mas sei que se provou muito bem nos EUA, onde [este projeto] se desenvolveu de modo muito ativo há algum tempo. Não sei dizer precisamente como isto funciona hoje em dia, mas houve até iniciativas legislativas, que eu saiba, para fornecer etanol nos postos de abastecimento, por exemplo.
S: E no que se trata da Rússia, é possível que um projeto parecido ganhe vida no território deste país?
Entretanto, o especialista realçou que tal não quer dizer que quaisquer projetos de energia renovável devam ser considerados como "condenados" ao fracasso na Rússia. Muito pelo contrário, há muitos deles nesse campo, e estes ainda continuam desabrochando.
"A energia solar funciona, está tudo ótimo. Cerca de 250 megawatts já foram instalados. Com muita probabilidade, e talvez até no prazo planejado, serão instalados 1,7 gigawatts. Ademais, há a energia eólica, estão sendo erguidas duas usinas. As empresas de energia atômica também estão sendo construídas, separadamente, [isto é, pelas empresas] Fortum e Rosnano. […] Acredito que chegamos ao ponto em que o mecanismo começou a funcionar. Esta questão é de longo prazo, e se trata também do apoio, que, a meu ver, vai continuar, até depois de 2024", afirmou.
Falando da área da sua especialização, Shakhrai frisou que o Brasil é um "mercado excelente", pois tem um dos maiores índices de insolação, cedendo apenas ao Chile. Ademais, tem usinas tanto solares como eólicas, ou seja, "todo o tipo de energia renovável está representado lá".
"Para descobrir um mercado é preciso encontrar parceiros, no que recebemos muito apoio do Ministério da Energia, pois participamos de grupos de trabalho, de comissões interparlamentares, buscamos estes parceiros, tentamos lhes propôs serviços, soluções, tomar parte de leilões, mas estamos ainda no início deste caminho", concluiu.