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Espaço quente: planeta descoberto por brasileiros tem temperaturas de 1.000°C

© NASA . ESA/Hubble & NASAFoto feita por Hubble de uma estrela morrendo em nebulosa do Ovo Podre
Foto feita por Hubble de uma estrela morrendo em nebulosa do Ovo Podre - Sputnik Brasil
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Um planeta situado a 1.200 anos-luz da Terra, localizado na direção da Constelação Monoceros, com temperaturas variando de 1.100 a 1.200 graus. Esta é a descoberta realizada por sete cientistas brasileiros e que já mereceu amplo destaque na revista científica britânica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Superfície de um corpo celeste - Sputnik Brasil
Cientistas descobrem novo planeta
À frente dos sete cientistas responsáveis pela descoberta, o astrônomo paranaense Rodrigo Boufleur, pesquisador do Observatório Nacional, contou em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil como encontrou o planeta, situado muito além do Sistema Solar:

"A pesquisa consistiu no estudo de mais de 65 mil estrelas. Porque, a priori, a gente não tem como saber se vai encontrar algum planeta ou não. Então, durante os cinco anos em que realizei meu doutorado, a gente fez a análise dessas mais de 65 mil estrelas e teve a felicidade de poder anunciar a descoberta."

Segundo Boufleur, há vários métodos de detecção de planetas extra solares [fora do Sistema Solar]. O que eles utilizaram foi a técnica de espectroscopia com um dos melhores instrumentos para esse fim, o HARPS (High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher), situado num observatório em La Silla, Chile. 

"É o Método de Trânsito. Por esse método, procuramos detectar o momento em que o planeta passa pela estrela que está sendo observada. Com as nossas sucessivas observações do corpo celeste, nós nos certificamos de que ele possuía massa planetária suficiente para ser classificado como tal. Mas este é um trabalho muito longo, que demandou cinco anos de estudos e comprovação de teses e elementos até que nós pudéssemos atribuir, com total segurança, a classificação de planeta para esse corpo celeste."

 Ainda de acordo com o astrônomo, a distância entre a Terra e esse planeta equivale a 10 quatrilhões de quilômetros, ou 1.200 anos-luz.

"Isto significa que a sua luz chegou ao nosso planeta 1.200 anos depois de sair de lá. Ou seja, quando esta luz deixou o planeta, nós ainda estávamos na Idade Média", destacou o especialista, explicando que o planeta em questão recebe uma grande incidência de luz da estrela que orbita.  

"Isso faz com que a sua temperatura média seja enormemente superior à da Terra. Calculamos que a sua temperatura varie de 1.100 a 1.200 graus Celsius."

O planeta em questão ainda não tem nome. A tendência, conforme relatou Rodrigo, é a de que o nome acompanhe a missão da descoberta. Como eles utilizaram as observações feitas pelo satélite CoRoT (COnvection ROtation and Planetary Transits), construído e operado pela Agência Espacial Francesa, pela Agência Espacial Europeia e pelo Brasil, "é bastante provável que o planeta ganhe o nome CoRot acompanhado de um número".

Além de muito quente e muito distante, o planeta descoberto também tem outra característica marcante, a incidência de ventos fortes

"Isso ocorre pelo fato de ele ser o que chamamos de planeta extremo e inóspito. Como é um planeta de temperaturas elevadíssimas, ele está sujeito a fenômenos meteorológicos, digamos, violentos. Isso pode explicar os fortes ventos que o atingem, de acordo com as nossas estimativas."

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