A reação do SEPE se soma a de diversos segmentos da sociedade, que têm se manifestado contra a proposta do governo federal de “rever a tarefa do ensino superior” no estado. A proposta — que libera ajuda de R$ 3,5 bilhões e adia por três anos, mais três renováveis, a renegociação da dívida do Rio de Janeiro com a União — exige algumas contrapartidas, como a privatização da Cedae, o congelamento do reajuste dos servidores, proibição de novos concursos públicos, entre outras medidas.
Em entrevista à Sputnik, Dorotéa Santana, membro da coordenação do SEPE, e ex-aluna da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), diz que a proposta do governo federal causou um sentimento geral de indignação e revolta entre professores e alunos.
"Vamos abraçar, sim, essa luta. Não vamos deixar mais uma vez os governos que não apoiam alunos das classes populares e querem fechar oportunidades para esses alunos. Tenho alunos da rede estadual estudando hoje nas universidades públicas. Vamos resistir e não vamos aceitar mais um ataque dos governos estadual e federal. Esse manifesto terá uma grande divulgação nas redes, por conta dos alunos, e faremos manifestações nas ruas. São governos que não gostam dos pobres, e isso está claro", diz Dorotéa.
A integrante do SEPE também discorda da proposta defendida pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) de que os alunos que se formaram na UERJ paguem o investimento feito pelo Estado com a prestação de trabalhos sociais ao governo.
"Muitos alunos da UERJ hoje já fazem esse trabalho. Tenho ex-alunos meus que estão indo para as escolas compartilhando conhecimento sem essa questão da obrigatoriedade. Isso me parece uma barganha, e nossos alunos não estão para isso. Você tem alunos dando aulas de graça no ENEM com turmas de mais de 200 alunos. O Estado não deveria fechar os olhos para isso", afirma a professora de História.
Com relação ao aumento crescente da participação de grupos estrangeiros comprando instituições de ensino no Brasil, a integrante do SEPE garante que o sindicato não apoia as privatizações e defende o investimento público.
"Nós pagamos impostos e onde foi parar esse dinheiro? Em Bangu (complexo penitenciário em que está preso o ex-governador Sérgio Cabral), infelizmente. O dinheiro está lá e nos jantares em Paris, nos anéis, nas malas de dinheiro, e os hospitais e a educação sofrendo todos os dias", alfineta a coordenadora do SEPE.
Dorotéa diz que a população está farta desse clima de corrupção e lembra que em 2013, por conta ao aumento de R$ 0,25 nas passagens de ônibus, a reação foi imediata, com mais de 30 mil pessoas indo às ruas só no Rio de Janeiro.