Desde as primeiras horas desta quinta-feira, ativistas estão indo às ruas em várias cidades brasileiras para protestar contra reformas, privatizações, demissões e demais ações impopulares levadas a cabo em pouco mais de um ano de administração Michel Temer.
Em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Goiás, entre outros, representantes de movimentos sociais e sindicatos, ligados principalmente ao setor industrial, realizaram discursos, passeatas, panfletagens e ocupações com o objetivo de chamar a atenção das autoridades e mobilizar a população contra a redução de direitos dos trabalhadores. A expectativa é a de que os atos sigam durante todo o dia.
A mobilização contra a reforma trabalhista foi convocada pelo movimento Brasil Metalúrgico, integrado por sindicatos, federações e confederações, como a CNTM, Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da Força Sindical, presidida por Miguel Torres, que falou com exclusividade para a Sputnik Brasil sobre o foco das manifestações de hoje:
"Conseguimos unificar o nosso setor, independente da corrente ideológica, central sindical ou partidária. E o resultado da unidade foi esse ato hoje, no Brasil todo, com a participação dos trabalhadores metalúrgicos e também de outras categorias que estão se incorporando ao nosso calendário porque também estão passando por muitas dificuldades e, neste momento, a unidade é um fator muito importante", disse Torres.
Centrais sindicais do RN aderem ao Dia Nacional de Lutas (14) e realizam ato em conjunto contra Reforma da Previdência em frente ao Midway M pic.twitter.com/zLZ9AlG97V
— Novo Jornal (@NovoJornalRN) 14 de setembro de 2017
De acordo com o sindicalista, a cada ano que passa, a influência da indústria na economia brasileira é menor. E essa participação, segundo ele, tende a piorar com as reformas que vêm sendo adotadas.
"Para se ter uma ideia, há 15 ou 16 anos, o peso da indústria no PIB era de 27, 28%. Neste ano, vai ser menos de 7%. Isso quer dizer que nós estamos produzindo menos no país, tendo menos emprego no país, e comprando de fora e gerando mais emprego lá fora", acrescentou, destacando que as dificuldades que afetam os trabalhadores brasileiros não são específicos do setor industrial, uma vez que os problemas são generalizados.
Também em entrevista à Sputnik Brasil, o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), João Cayres, disse que as reformas do governo Temer, e, mais especificamente, a trabalhista, só beneficiam "um lado da moeda", o lado mais forte, dos empresários. Segundo ele, a partir do dia 11 de novembro, quando essas mudanças entrarem em vigor, os trabalhadores vão sentir na pele o real significado dessas alterações na legislação trabalhista.
"Por isso que nós estamos esclarecendo e mobilizando os sindicatos, para que façam uma campanha de sindicalização, para aumentar os esforços e os trabalhadores estarem envolvidos", afirmou Cayres.