General do exército líbio conta como Moscou vai ajudar na reconstrução do país

© REUTERS / StringerForças líbias leais ao governo apoiado pela ONU se preparam para tomar prédios universitários durante uma batalha contra militantes do Daesh em Sirte, Líbia, 10 de agosto, 2016.
Forças líbias leais ao governo apoiado pela ONU se preparam para tomar prédios universitários durante uma batalha contra militantes do Daesh em Sirte, Líbia, 10 de agosto, 2016. - Sputnik Brasil
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Há pouco, o general de brigada Ahmad al Mismari, representante oficial do Exército Nacional da Líbia, chegou à Rússia com uma visita oficial. A Sputnik falou com o militar e discutiu as perspectivas de uma solução política no país, a escala da ameaça terrorista e como ele vê o papel da Rússia na estabilização e reconstrução da Líbia.

De acordo com Ahmad al Mismari, o país "sofreu muito" por causa do terrorismo, mas já está obtendo cada vez mais sucesso na recuperação graças ao "grande apoio do povo".

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"Vocês sabem que entre os anos 2011 e 2012 havia a ideia de criar o chamado Exército Livre do Egito no território líbio? Isto teria sido uma fusão de agrupamentos terroristas apoiados pela Al-Qaeda e Irmandade Muçulmana. Nós impedimos isso, garantindo segurança não só dos líbios, mas de toda a região", afirmou.

Contudo, o militar assinala que em condições de um controle fronteiriço deficiente, no território atuam agrupamentos criminosos internacionais, inclusive contrabandistas de todos os tipos, bem como "floresce a migração ilegal". Por exemplo, os militantes se deslocam da Líbia ao Egito, ou à Líbia a partir do Iraque e Síria.

Ahmad al Mismari assinala que há vários mecanismos com os quais a Líbia poderia fazer frente à ameaça terrorista. Primeiro, é a troca de dados de inteligência com os países vizinhos. Segundo, a coordenação com os vizinhos no restabelecimento do controle fronteiriço. Isso inclui a criação de postos de vigilância no território fronteiriço.

Entretanto, diz o general, o exército líbio não pode alocar recursos para isso, pois todos os militares atualmente estão atuando em combates "mais prioritários". Assim, a fronteira terrestre com o Egito representa hoje uma zona de responsabilidade exclusivamente do exército egípcio.

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Além disso, a Sputnik Árabe fez questão de discutir com o general líbio outra questão pendente. Sabe-se que a Líbia por várias vezes relatou que terá alegadamente à sua disposição documentos sobre a transferência de terroristas à Síria através do território turco.

"Há evidências. Especialmente no que se trata do treinamento e financiamento dos militantes. Entre 2012 e 2013, a célula líbia da Al-Qaeda mantinha sua filial no território do Mali que, por sua vez, lutava contra os franceses. O responsável por esta operação era Abdel Wahab Al Qayed da Al-Qaeda. Naquela época, esta pessoa estava dentro do governo do Novo Congresso Geral Nacional. […] Ele usou os comandantes da Brigada de Trípoli, ligada à Al-Qaeda, Mahdi al Kharati e Abd al Hakeem Belkhaj, que, por sua vez, se ocupavam de formar a brigada al Umma. Esta, por sua vez, treinava, armava e transferia os militantes à Síria através da Turquia. Tal como a Irmandade Muçulmana, a Turquia fez parte disso tudo. Nós falamos de todos esses crimes ainda em 2012-2014. Mas não houve nenhuma reação: a vontade da comunidade internacional é muito fraca quando se trata do problema líbio", detalhou.

Falando do papel russo numa solução política da crise líbia, o general realçou que o país confia em Moscou tanto do ponto de vista militar, como político.

"Há grande esperança que a Rússia aborde a questão do levantamento do embargo aos fornecimentos de armas ao exército líbio no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Ao mesmo tempo, esperamos que o embargo semelhante não seja levantado para as formações armadas antigovernamentais. A Rússia tem boa consciência daquilo que é o exército sírio, conhece seu comandante-em-chefe Khalifa Hafter, por isso os nossos países desfrutam de uma confiança mútua", sublinhou.

Ahmad al Mismari se mostrou otimista em relação ao futuro do seu país, assinalando que quase 90% do território está atualmente controlado pelo governo. Nos restantes 10%, há tropas governamentais, mas eles ainda não foram libertados dos terroristas por escassez de armamento.

"Mas isso é apenas uma questão de tempo", disse.

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