O que significa a medida ousada da Venezuela ao descartar vender petróleo por dólares?

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Ontem (15), o presidente venezuelano Nicolás Maduro confirmou que seu país começou recebendo pagamentos pelo petróleo em yuans, em vez de dólares, como medida de resposta às sanções estadunidenses. O especialista em economia Rafael Quiroz Serrano explica em detalhe o que isto significará.

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Em uma conversa com a Sputnik Mundo, Rafael Quiroz Serrano, chefe da cátedra de Economia e Políticas Petroleiras da Universidade Central da Venezuela (UCV), disse que este anúncio tem lugar no calor de uma "emoção do governo venezuelano reagindo à decisão dos EUA". O especialista ressaltou que o pacote de sanções emitido pela Casa Branca afeta, sobretudo, "as operações financeiras, basicamente o mercado de ações".

"Estamos falando, sobretudo, dos títulos soberanos da República ou da PDVSA [empresa estatal Petróleos de Venezuela ]. Isto afeta essas transações de tipo financeiro, mas não o mercado petroleiro. Os gringos não meteram a mão na produção petroleira", afirmou.

"Não foi lançada nem a proibição nem a limitação em relação às exportações norte-americanas à Venezuela, nem às importações do petróleo venezuelano aos EUA. Assim, não impuseram nada de inconvenientes, castigos, repressões ou disciplina, absolutamente nada. Nisso não tocaram", resumiu.

Na opinião do entrevistado, essa medida tem "pouca racionalidade". Quiroz relembrou que, no início da década de 90, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP, da qual a Venezuela participa) planejava descartar o dólar como "moeda referencial de pagamento". Depois, porém, a entidade concluiu que "não era recomendável".

Nos meados da década de 2000, quando o governo venezuelano era liderado por Hugo Chávez, a OPEP voltou a avaliar esta medida. O acadêmico relembrou que a conclusão, de novo, foi que "mudar o sistema monetário para as transações comerciais do petróleo" não era adequado.

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Abandonar o dólar como meio de pagamento implicaria um desafio para o país latino-americano. Atualmente, diz Quiroz, ele produz 1.965.000 barris por dia. No mercado interno, ficam 600.000, enquanto 785.000 vão para EUA. Os restantes se exportam para mercados como a China, a Índia e os países da região.

A única forma de a PDVSA ser afetada, seria no repatriamento dos dividendos das suas filiais nos EUA, o que implicaria a perda de US$ 450 milhões.

"Os EUA não se iriam meter [com o petróleo] porque o preço da gasolina aumentaria em 24 horas, especialmente nas regiões onde a Venezuela tem suas refinarias, ou seja, em Illinois e Texas. Também não tomarão uma decisão contra as exportações dos EUA à Venezuela, isto é, 110 mil barris de óleo cru leve, 57 mil barris de gasolina e 39 mil barris por dia que compramos de componentes ou aditivos para fazer gasolina ", refletiu.

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