As afirmações de Mourão foram feitas em uma palestra realizada na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, horas após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar o presidente Michel Temer (PMDB) pela segunda vez, por obstrução de Justiça e organização criminosa.
"Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso", disse Mourão. "Desde o começo da crise o nosso comandante definiu um tripé para a atuação do Exército: legalidade, legitimidade e que o Exército não seja um fator de instabilidade".
O general destacou que a necessidade de "impor uma solução" poderia trazer "problemas", mas que os militares possuem "compromisso com a Pátria, independente de sermos aplaudidos ou não". "O que interessa é termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor e que buscamos, de qualquer maneira, atingir esse objetivo. Então, se tiver que haver haverá", destacou.
Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, a fala de Mourão causou desconforto em oficiais-generais do Exército.
Ouvido pela publicação, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, voltou a dizer que "não há qualquer possibilidade" de intervenção militar. "Desde 1985 não somos responsáveis por turbulência na vida nacional e assim vai prosseguir. Além disso, o emprego nosso será sempre por iniciativa de um dos Poderes", avaliou.
Ele ainda revelou que teve uma conversa com Mourão e que o problema já estaria "superado". O próprio general, diante da repercussão, negou que estivesse "pregando intervenção militar", dizendo que a interpretação das suas palavras "é livre", já que falava em seu nome, e não no do Exército.
Em 2015, Mourão se envolveu em outra polêmica. Ele perdeu o posto do Comando Militar Sul depois de atacar a então presidente Dilma Rousseff (PT), afirmando que o impeachment dela não traria mudança significativa e que "a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção".
Desde então, Mourão responde como secretário de economia e finanças do Exército.