Previsão errada sobre armas nucleares
O primeiro e o mais frustrante fracasso para os espiões norte-americanos foi a tentativa de prever quando a União Soviética conseguiria desenvolver suas armas nucleares. A CIA fez um enorme relatório com base nos dados de seus espiões.
"Possivelmente, a capacidade da União Soviética de desenvolver armas baseadas na energia atômica será limitada pela sua possibilidade de criar a bomba nuclear até a etapa de produção, entre 1950 e 1953. Desta forma, a produção em série e o armazenamento de tais bombas poderá começar em 1956", lê-se no relatório.
Fracasso afegão
O envio das tropas soviéticas ao Afeganistão apanhou a administração do presidente norte-americano Jimmy Carter de surpresa. Segundo os dados da CIA, as autoridades soviéticas não teriam coragem de fazer isso. Entretanto, os EUA estavam errados. As primeiras forças soviéticas entraram no Afeganistão em 24 de dezembro de 1979 e ficavam ali durante nove anos.
De acordo com o ex-funcionário da CIA Douglas MacEachin, naquela época na agência era popular a piada triste de que as previsões da CIA estavam certas, os soviéticos é que se enganaram.
Na história da CIA há muitos exemplos de erros na escolha dos seus agentes. O exemplo mais famoso é o espião Aldrich Ames. Sendo chefe da divisão de contraespionagem e depois da divisão soviética, ele foi recrutado pelo KGB (Comité de Segurança do Estado da União Soviética). Isso fazia parte do plano da CIA, que planejava o usar como agente duplo. Entretanto, a inteligência norte-americana não tomou em conta alguns vícios do seu agente – álcool e mulheres – e por isso o agente estava sempre comprometido.
O KGB beneficiou desses vícios. Os serviços secretos soviéticos ofereceram-lhe 50 mil dólares e depois foram lhe pagando cada vez mais. Ele começou a fornecer à CIA informação não muito importante, enquanto a inteligência soviética recebia verdadeiros segredos e informações sigilosas. Em 1994 Ames foi condenado a prisão perpétua nos EUA.
Embora o alvo principal da CIA fosse a União Soviética, a CIA não consegui prever o seu colapso. O crescimento rápido da economia soviética nos anos 50 e 60 do século passado desafiou os políticos de Washington. Os êxitos da União Soviética na ciência e tecnologia superavam as invenções norte-americanas.
Nos anos 70 a situação mudou significativamente, mas a CIA nos seus relatórios continuava sobrestimando o potencial soviético. Até 1989, depois da queda do muro de Berlim, a CIA continuou insistindo na estabilidade da União Soviética.
Em maio de 1992, o ex-diretor da CIA Robert Michael Gates, no seu discurso perante os membros da Associação de Política Externa em Nova York, disse que, em relação ao colapso da União Soviética, os analistas da agência "tinham subestimado essa possibilidade". Foi um fracasso tão sério que o Congresso levantou a questão da "reorganização total da agência".