Kim Jong-un é filho e neto de tiranos e é ele próprio um tirano, bem como especialista em assassinar os membros da própria família, escreve Mario Vargas Llosa.
"Receio que ninguém tenha uma resposta convincente para a questão de saber como foi possível termos chegado a isto, quando uma pessoa pouco instruída e pouco importante, com uma inteligência primitiva, que lembra a caricatura de si próprio quando visto nos écrans, conseguiu obter a possibilidade de decidir se a civilização continuará a existir ou se acabará devido a um surto de violência sem precedentes", escreve o autor.
Na situação atual, as iniciativas militares contra a Coreia do Norte só podem ter um caráter limitado, elas não poderão ser de grande escala, o que significa muitas vítimas. Além disso, a resposta de Pyongyang pode também levar a um massacre nos EUA, Coreia do Sul ou Japão, ou, possivelmente provocar uma guerra mundial que vai levar à morte de milhões de pessoas, comunica o RT citando Mario Vargas Llosa.
"Em qualquer caso vale a pena reconhecer a verdade: estas sanções, por muito fortes que sejam, não levam a nada. Em vez de forçar o líder estalinista a recuar, elas permitem-lhe fazer aquilo que Fidel Castro fazia durante as sanções econômicas contra Cuba: culpar Washington e os outros países do estado miserável da economia, que, na verdade, foi provocado pela política de estatismo e coletivismo", sublinha Vargas Llosa.
O paradoxo é que as sanções só são eficazes quando são introduzidas contra um sistema aberto, onde existe uma opinião pública que influencia o governo e o força a negociar.
Mas, de acordo com o autor, no caso das ditaduras como a da Coreia do Norte, as sanções não influenciam nem as autoridades do país, nem a nomenclatura totalitária. Apenas o povo é obrigado a apertar o cinto cada vez mais.