"Anteriormente já tivemos exercícios de planejamento a nível de Estado-Maior, mas pela primeira vez agora há o emprego de tropas paraguaias e brasileiras em território nacional. O objetivo é ampliar os laços de intercâmbio e amizade entre os dois países. Nossa operação em Cascavel, no Paraná, envolve preparação para combate convencional, ênfase em operações ofensivas com emprego dos meios mecanizados (veículos blindado) que têm capacidade de fogo e de choque muito maior", relata com exclusividade à Sputnik Brasil, o oficial de comunicação da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada do Exército Brasileiro, major Rodrigo Ribeiro.
A simulação de ataque prevista para sexta-feira deve marcar o encerramento do primeiro ciclo que envolve colaboração mais próxima entre Paraguai e Brasil neste sentido. "Há um intercâmbio grande com Paraguai e Argentina, os exercícios [com tropa] serão repetidos. Certamente interessa ao nosso país para que junto conosco desenvolvamos uma nova doutrina para uso de infantaria mecanizada", completa o militar.
Colaboração deve ser constante, avalia especialista
A colaboração entre o Brasil e o Paraguai é antiga, vem desde antes da Guerra do Paraguai. Tanto é assim que boa parte dos blindados paraguaios foram fornecidos pelo Brasil após a Segunda Guerra Mundial. O aumento do contrabando, porém, é sentido nas metrópoles dos dois países e a cooperação de tropas militares precisa ser frequente, avaliou à Sputnik Brasil o especialista em temas militares Pedro Paulo Rezende.
"Temos uma área grande de divisa seca com o Paraguai que envolve fazendas localizadas exatamente na fronteira, tudo muito sensível, muito permeável. Tanto é assim que o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, o Sisfron, começou a ser implantado em Dourados, no MS, na fronteira com o Paraguai. Durante à noite, há um movimento intenso ali nos rios Paraguai e Paraná onde se apreende de tudo, drogas, armas, dinheiro ilícito", conta.
Concebido em 2010, o Sisfron ainda carece de verbas. R$100 mi já foram gastos na implantação do módulo inicial, fala-se em R$12 bi até 2021. Rezende, porém, estima que um sistema totalmente operante e eficiente consumiria no mínimo US$ 20 bi.
"Estamos com uma tentativa de criar uma fronteira inteligente, com uso de drones e outros equipamentos tecnológicos. É um desafio grande, muito maior que nos Estados Unidos com o México até pela extensão da nossa fronteira com vários outros países vizinhos e pelo fato da fronteira lá ser basicamente urbana. Chega a ser impressionante a quantidade de material apreendido todos os dias, drogas, agrotóxicos irregulares, problema que não se resolve com muro, outra solução horrorosa", critica o especialista.
Rezende manifestou a esperança na troca de informações com tropas do Paraguai de maneira regular a partir de agora. "Um esforço continuado e permanente", cobrou.